Onde os palhaços são autênticos e os milagres, também (?)
C aras Damas e Caros Senhores da Madeira e do Porto Santo! Chegou ao concelho de São Vicente o maior espectáculo político-circense que Portugal já viu, sim, estimados leitores, o “Circo Salvador & Companhia” vai estrear-se entre nós. E garanto-vos: não é um dos mais pequenos circos itinerantes , é o circo da salvação, o palco da redenção vicentina!
🐘 Acto I: o desembarque do circo salvador
Os carros já chegaram. As tendas já estão montadas. Os cartazes já prometem “milagres ao vivo”, e no meio do rebuliço sobe ao centro do picadeiro o nosso artista principal: Messias Salvador, José Carlos Gonçalves. Ele — dizem as vozes mais entusiastas (e as mais alarmadas), será o salvador dos vicentinos, o novo profeta da Câmara, o redentor em forma de edil! Tal como Jesus Cristo e, com respeito, até como Maomé em versão madeirense, ele erguer-se-á contra o pecado municipal. Se o Messias fizesse milagres de transformar impostos em fantasmas, já teríamos fila para assistir.
Os anúncios prometem: “melhores palhaços, artistas, trapezistas, malabaristas e até animais selvagens da selva africana, tudo reunido sob a mesma lona política.” Pondero até se o elefante vai distribuir folhetos da coligação ou se o leão vai rugir “viva o Salvador”!
🎭 Acto II: palhaços reais e piadas de campanha
Sabem que o circo político já começou antes da inauguração oficial? Já estão a “contratar” filhos desempregados para varrer as “varedas” (ruas), se não forem os filhos “premiados” do próprio mandatário, será bom ver quem vai varrer casa do vizinho! Há rumores de ameaças nas Ginjas, Lameiros, Feiteiras, Vila, Lombadas, Ponta Delgada e Boaventura. Cuidado com o “milagre do despedimento”!
Aliás, se “tudo garganta”, como dizem os oradores, talvez o próximo acto seja transformar promessas em eco — prometeram que a “porta das grutas ainda está fechada” porque… era só no dia seguinte? Excelente truque de ilusionismo!
🔥 Acto III: a tragédia da Democracia (ou a comédia da escolha)
São Vicente, dizem alguns, tornou-se a primeira câmara fascista pós‑25 de Abril. Que exagero ou que provocação, depende do ângulo do trapezista. O político que prometia “vamos trabalhar” vai agora decidir quem trabalha e quem não trabalha. Se vierem com um caixão à porta da Câmara por direito de subsistência,nada mais simbólico e dramático para um circo político.
Fez-me lembrar: “Elegeram imbecis que nem sequer sabem articular uma frase decente.” Se tirarmos as palmas e a orquestra, é o comentário mais teatral da temporada. Alguns afirmam: “Não aguentam até ao Natal.” Outros: “Já vai levar 50 mil no bolso.” E claro, quem não tem água, que se lave (literalmente) enquanto o artista principal distribui discursos ao vento.
José Carlos Gonçalves, este “Fantoche-Messias”, já coleccionou partidos como se fossem autógrafos: PSD, CHEGA, agora pendurado no tacho supremo. É o famoso camaleão político: muda de cor consoante o voto. Querem que conduza São Vicente? Boa sorte! Dirigir é um verbo forte, exige carácter, visão, ingredientes que, no circo do Messias, podem ser confundidos com truques de adivinhação.
🤡 Acto IV: a crónica do engano (ou os milagres do seguro)
Ainda antes de o mandato começar, já se fala em “desvios de seguros”. E há quem suspeite que, em vez de ele salvar São Vicente, salvará apenas os seus bolsos, os seus ou os de quem o escolheu. Uns dizem que vai usar o dinheiro público para pagar seguros automóveis; outros que desviou o que nunca pagou. “Segura a banalha, meu povo!”, clamam uns; “Este gajo mete nojo”, dizemos outros, e não há circo sem polémica!
O espetáculo promete ser “alta barracada”. Já anunciaram pancadaria pré‑tomada de posse. Haverá vaias, gritos, insultos, puro entretenimento. E no meio disto tudo, os apoiantes do CHEGA surgem com ameaças de despedir, prender, deportar… ou castrar! É como se o circo viesse armado até aos dentes.
✍️ Epílogo: a Democracia sob o picadeiro
Era eu jovem quando vi São Vicente respeitado, admirado por filhos intelectuais como o Dr. Horácio Bento de Gouveia, amigo, professor e vulto local. Hoje, confesso: sinto vergonha e tristeza ao ver este “espectáculo eleitoral”. Um concelho entregue a promessas de tiranos, com joelhos que beijam a retórica e olhos vendados à razão.
Mas aviso: este circo não vai durar os quatro anos inteiros. Porque no acto final, onde se revela a verdade ou cai o pano, os próprios que aplaudiram vão perceber o erro monumental que cometeram. Eu, pela democracia, ainda acredito.
Por agora, caros leitores: apertem os cintos, comprem pipocas, ou não, e venham assistir ao Grande Circo Salvador de São Vicente. Prometo que será o maior espectáculo de promessas, exageros e gargalhadas políticas que esta ilha já testemunhou. E que Deus ou o Messias, ou ambos, nos inspirem paciência.
Estejam atentos, e tragam capuz (apenas para piadas) e boa disposição, pois este circo promete ser longo… e surpreendente.