Da macarronada para a Macaronésia


1. Para quem estava habituado a ler um jornal isento ora transformado em pasquim da propaganda laranja azeda, é só de tempos a tempos que folheio o título onde fui colaborador desportivo aos 15 anos de idade, no século passado. Hoje fiquei a saber que, além da APM (Associação de Promoção da Madeira) há um duplicado: APMM (Associação de Promoção da Macaronésia da Madeira). 

2. Temos assim os custos duplicados de duas associações que em bom rigor nem deveriam exisir, dotando-se em consequência uma Direcção Regional de Turismo das condições e competências que lhe foram originariamente retiradas. 

3. Foram retiradas sob a falsa capa de uma maior eficiência para o Turismo, quando, na realidade, foi pra tornear as limitações legais aos vencimentos de funcionários públicos, aproveitando-se para promover mais tachos e jobs pra os bois, perdão, boys e, numa clara duplicação de custos para os contribuintes, sem extinguir a DRT. Mantiveram o melhor dois ds mundos. E você paga a factura. 

4. Num ápice, desta macarronada anterior e não satisfeitos em sugar (quais vampiros) os contribuintes, eis que surge a Macaronésia em forma de Associação, com uma carinha laroca a liderar mas cujo currículo escapou ao crivo popular e parlamentar, a oposição controlada. 

4.1. Tão pouco quais os méritos idiossincrásicos que tenham justificado tamnha distinção. 

5. É mais uma situação objectiva de esvaziamento de competências de Direcções Regionais para criar Institutos, Associações e Empresas Públicas que escapam ao controlo parlamentar e do Tribunal de Contas, visto que, em rigor, não pertencem à estrutura da governação.

6. É por estas e por outras que os contribuintes em média não recebem por mês mais 2.300 euros per capita, para sustentar gestões públicas danosas como esta, de duplicação de competências. 

7. A Macaronésia deveria merecer uma divisão de serviço da DR Turismo, não uma pessoa jurídica autónoma de direitos e deveres (eventualmente avalizados pela Região). 

8. No fundo, em vez de se preocuparem com o caos no turismo e no impacto negativo para os residentes (que recusam mensurar) preferem preencher tachos de relações públicas numa ilha de aparências e totalmente desprovida de visão estratégica, refém da máfia siciliana das 5 famílias que mandam nisto tudo.

9. Antes fomos semi-escravos dos piratas ingleses branqueados em famílias nobre e pessoas de vem. Agora estamos sob o jugo do patos bravos travestidos de comendadores. 

10. No fundo, o tempo passa, as moscas mudam, mas a merda mantém-se. O meu lamento.

Pedro Marques de Sousa