J orge Carvalho, candidato do PSD à Câmara do Funchal, tem um lema simples: “quero estabilidade”. Estabilidade? Depois de uma autarquia inspecionada pela Polícia Judiciária? É preciso ter um sentido de humor muito refinado para achar que esse é o slogan certo para esta cidade.
Porque quando ele fala de “estabilidade”, convém perguntar: estabilidade para quem? Para os que andaram anos a fio a brincar com o dinheiro público? Para os que confundem serviço à cidade com favores e compadrios? Para os que tremem sempre que a PJ bate à porta?
O povo não quer estabilidade nesse pântano. O povo quer é limpeza. Quer ver a corrupção varrida, os negócios obscuros expostos e a promiscuidade política desfeita. Quer respirar um Funchal governado com transparência, não com medo de escutas e investigações.
Estabilidade com o governo? Não, Jorge. O que os funchalenses exigem é instabilidade para os corruptos. É que essa “estabilidade” de que fala cheira demasiado a continuação do mesmo — e o mesmo é precisamente aquilo que a cidade já não aguenta.
Jorge Carvalho pode repetir até à exaustão a palavra “estabilidade”, mas no ouvido do povo soa sempre igual: acomodação, estagnação e silêncio cúmplice. O que Funchal precisa é de coragem. De ruptura. De quem não confunde paz com impunidade.
Porque quando o povo pede limpeza, oferecer-lhe “estabilidade” é como varrer lixo para debaixo do tapete e chamar-lhe higiene.
Jorge Carvalho quer “estabilidade”!! Claro, depois da PJ bater à porta da Câmara, estabilidade é o sonho de qualquer corrupto: ninguém mexe, ninguém fala, ninguém investiga. É o seu “modos operandos”.
Mas o povo não pede calmantes. O povo pede vassouras.
Porque “estabilidade” num pântano só serve para o lodo assentar.
Depois da PJ inspecionar a Câmara, pedir estabilidade é como um ladrão pedir para não mexerem no cofre, só quer paz para continuar o serviço.
O povo quer limpeza.
Não confundam tapete com chão limpo.
“Estabilidade” é a palavra mágica do PSD.
Tradução: continuar a deixar o lodo assentar.