São Vicente, a autarquia com mais funcionários por metro quadrado.

 

A Câmara Municipal de São Vicente parece decidida a conquistar um recorde insólito: o de autarquia com mais funcionários por metro quadrado. Já hoje, com cerca de uma centena de trabalhadores, há quem diga que muitos não sabem o que inventar para ocupar o tempo. O Facebook já está gasto, com todos os “likes” possíveis e imaginários dados nas páginas institucionais e nos perfis dos amigos. No Instagram, as histórias já foram vistas e revistas. Resultado? Os funcionários começam a pegar uns com os outros, em discussões típicas de quem já não suporta tanta gente à volta sem nada para fazer.

E se já assim a situação era de abundância, eis que o cenário promete piorar: com o encerramento das grutas, a autarquia prepara-se para integrar mais 24 funcionários no seu quadro. Note-se, não são 25 — porque a vice-presidente, grande amiga do presidente em fim de mandato, acabou por não caber no lote. É pena, diria alguém, pois talvez fosse ela a única a conseguir animar as horas mortas do expediente.

Mas como a abundância nunca é demais, a Câmara decidiu agora abrir concurso para mais 14 trabalhadores, entre técnicos e assistentes operacionais. Claro que toda a gente sabe que os lugares já têm dono há muito tempo, mas não deixa de ser curioso este zelo pelo “reforço” de pessoal a um mês das eleições.

A legalidade do concurso é duvidosa, mas a oportunidade é de ouro para os felizes contemplados.

Assim, São Vicente prepara-se para ganhar notoriedade: não pelo dinamismo económico, não pelo turismo, nem sequer pelo ambiente natural invejável, mas por ser a primeira autarquia onde se pode medir a densidade de funcionários ao metro quadrado. Uma espécie de “reserva laboral” em plena serra madeirense.

Uma Mónaco do Atlântico, mas dentro das quatro paredes do edifício municipal. Com sorte, ainda se arranjam umas secretárias no posto da PSP, na Junta de Freguesia ou na Tabacaria do senhor Figueira.

Se calhar, em vez de concorrer para a bandeira azul nas praias ou para certificações ambientais, São Vicente podia candidatar-se a Património da UNESCO pela raridade de ter mais gente dentro da câmara do que fora dela.