Bom dia a todos.
Antes de mais vi a vossa publicação sobre as coincidências das campanhas eleitorais, a perseguição das pessoas do poder, com medo de perder, a tentar calar aqueles que têm argumentos valida e difíceis de contrariar. Estou solidário com todos.
P or acaso, a situação serve que nem uma luva para uma ideia, que não é nova, que quero transmitir. Com piada, a melhor forma de exemplificar foi a tirada de Álvaro Cunhal há uns bons anos para que os comunistas colocassem uma palma da mão nos olhos e com a outra mão fazer uma cruzinha em Mário Soares para Presidente da República.
Mas explorando melhor o assunto, é preciso dizer que o "voto útil" é um conceito da ciência política e da estratégia eleitoral que leva uma boa parte do eleitorado a produzir efeito eleitoral, optando por um candidato ou partido que não é a sua primeira escolha, mas que tem uma maior probabilidade de vencer ou de ter impacto no resultado eleitoral.
Eu não sei se nesta terra de egos, presunção e vaidades se isto funciona, o que acontece é toda uma "miuçalha" a "salamizar" a votação, dividindo tanto os votos que acabam permitindo que o partido dominante ganhe e se perpetue. O Funchal tem 14 candidatos, uma parte pode ter um "tachinho" mas nem eles nem os não eleitos produzirão tanto efeito se com o voto útil concentrarem a votação. Evidentemente que os candidatos fazem o seu papel, mas o eleitorado também tem um papel a desempenhar, este do "voto útil" é um, nos antípodas de não ir votar. Erro completo.
Tal como os partido têm as suas táticas verbais de vergar o eleitorado para si, já pouco se convence sem argumentos, o eleitorado também pode ir a "jogo", com uma votação essencialmente tática, onde o eleitor visa um objetivo prático (geralmente evitar um resultado pior) em vez de expressar a sua preferência ideológica ideal. Se na Madeira ganha sempre o mesmo e não ganhando manda por artifícios de coligações pós eleitorais, onde se conhecem os falsos, o "voto útil" é uma chapada de luva branca. Só possível com um eleitorado que não olhe só para o umbigo. Outro problema.
Vamos lá ver, o "voto útil" tem uma natureza tática, o voto é dado com base na estratégia e não na convicção. O eleitor está a pensar no "mal menor" ou no resultado mais eficiente. Mas tem outra, a viabilidade de vitória, quando o eleitor desiste de votar em partidos pequenos ou com poucas hipóteses (o chamado "voto desperdiçado") para apoiar o candidato que tem possibilidades reais de vencer ou de ter grande efeito, capaz de rivalizar com o partido do poder em coligações pós eleitorais.
Claro que o "voto útil" simplifica a análise, ocorre frequentemente em sistemas com dois grandes blocos (ou candidatos principais), onde o objetivo é evitar que o bloco oposto vença. Por exemplo, um eleitor de um partido pequeno de esquerda pode votar num partido grande de esquerda para impedir a vitória da direita. É mais comum e relevante em sistemas eleitorais uninominais (como no Reino Unido ou EUA), onde o candidato mais votado leva o assento, mas também acontece em sistemas de representação proporcional, especialmente na escolha do partido para o governo.
O raciocínio...
O eleitor que pratica o voto útil segue a lógica da preferência ideal (voto sincero), o partido A representa a minha ideologia na perfeição, mas faz uma análise da realidade, sabe que o partido A tem pouca expressão eleitoral e não tem hipótese de eleger um deputado ou de influenciar o governo, então, como o partido C (seu principal adversário ideológico) tem grandes hipóteses de ganhar, evita a ameaça, por isso faz uma escolha tática do seu voto, executa o "voto útil", vota no Partido B, que não é perfeito, mas é o maior partido dentro do meu campo ideológico e o único que pode impedir a vitória do Partido C.
Assim, maximiza a sua influência no resultado final, mesmo que isso signifique não votar com o coração. Hoje é um partido, amanhã é outro, sem umbigo funciona, nestas Autárquicas a Madeira estamos com muitos casos, resta saber a humildade dos eleitores não fanáticos, aqueles que preferem que todos percam porque é mais aceitável que o partido de sempre ganhe. Se não forem capazes de mudar o chip terão uma vida política de derrotas.
Com humildade, todos saem a ganhar, cada um na sua vez e com trabalho de casa feito para ser uma alternância com equipa credível. As eleições ganham-se muito antes da pré-campanha.