Irresponsabilidade Governativa


A massificação do turismo trouxe insustentabilidade e carestia sobre os madeirenses, a todos os níveis, desde logo a alimentação até a habitação, quando os sucessivos governos não se preocuparam em robustecer a classe média, até pelo Inverno Demográfico. Não é aceitável os níveis de pobreza na Madeira ao fim de décadas de contributo da União Europeia para o pequeno número de população que temos.

Os tempos andam conturbados e parece que este povo superior oriundo das governações do PSD só querem saber de si, com o poder nas mãos, e sacar o máximo que puderem antes que rebente. São na verdade o tal inimigo exterior, cá dentro, uma invenção típica dos regimes totalitários.

Vivemos tempos para pensar bem no futuro, não de campos de golfe em vez de lares, não de helicópteros em vez mobilidade económica (ferries).

Havendo uma nova escalada de guerra na Europa, promovida pela Rússia, as repercussões imediatas na economia e nos fornecimentos da Madeira seriam sentidas principalmente em três áreas: Inflação/Custo de Vida, Fornecimentos Essenciais e Turismo.

É impensável que tendo já um custo de vida elevado, preço de alemão, americano, etc, o impacto mais imediato e transversal seria nova inflação, que se refletiria no custo de vida da população. Como estamos preparados para isto? E com a monocultura do turismo, sem turismo, o que aconteceria? E a prioridade seriam obras?

O mundo está volátil e nós frágeis, nesta alegoria da propaganda, no egoísmo de cada um por si, das festas e das distrações, quando a Europa está a mudar e a começar a cortar para outras prioridades e nós, como povo egoísta, nada solidário com o que se passa lá fora, reclamamos dos cortes que já se vislumbram sem nunca ter feito pé de meia ou fortalecido a classe média, nem por existência (natalidade) em vez de importar imigrantes.

A Madeira, sendo uma região insular e periférica, é totalmente dependente da importação de combustíveis (petróleo e seus derivados) para a produção de eletricidade e para o transporte. Uma crise energética na Europa, com disrupção do fornecimento de gás e petróleo, levaria a subida imediata dos preços na bomba (gasolina e gasóleo), aumento do custo da eletricidade (o que afeta todos os lares e empresas), disparam os custos de transporte marítimo e aéreo, já de si caros, encarecendo todos os bens importados.

A Rússia e a Ucrânia são grandes exportadores de matérias-primas agrícolas (trigo, milho, óleos vegetais, fertilizantes). Uma nova crise de fornecimento global faria disparar os preços de produtos básicos, afetando diretamente a cadeia alimentar na Madeira, que depende da importação de alimentos.

Mas a situação não acaba por aqui, se os fornecimentos seriam afetados principalmente devido ao aumento do custo e à escassez de matérias-primas globais, a escassez e o aumento de preço de metais (alumínio, níquel), madeira e outros materiais de construção (devido a sanções e perturbações nas cadeias) impactariam projetos de infraestrutura e a construção civil na ilha.

Não somos fortes em agricultura, mas em tempo de guerra toda a gente iria plantar, a disrupção no fornecimento de fertilizantes (dos quais a Europa tem dependência) pode encarecer a produção agrícola local pressionando ainda mais os preços dos alimentos. O aumento dos custos de combustível e a pressão logística global atrasariam a chegada de contentores e encomendas, afetando a disponibilidade de stock nas empresas e nos supermercados.

O turismo, que é o motor da economia madeirense, seria afetado de imediato pela incerteza e pelo choque de rendimentos nos mercados emissores. O medo, a incerteza económica e o aumento generalizado dos preços (especialmente dos bilhetes de avião devido ao custo do combustível) levariam a uma redução imediata nas reservas de turistas dos principais mercados emissores da Madeira (Reino Unido, Alemanha, França, Portugal Continental). Eu acredito que desistiriam em viajar num processo inverso ao pós Covid.

Tal como aconteceu anteriormente, seriam imediatamente aplicadas sanções que proibiriam voos e operações financeiras. Embora o mercado russo não seja o maior da Madeira, a interrupção seria total e imediata, afetando os turistas que já estivessem na ilha. Com a inflação a afetar os orçamentos familiares na Europa, a procura por férias caras ou de luxo pode diminuir, afetando a rentabilidade da hotelaria.

É tempo de outras políticas, esta gente não tem ideias, tentam prolongar a fórmula que existe há anos, assente num modelo ultrapassado.