A amostra da sondagem do DN é igual a do JM, 403 entrevistas. A piada está no intervalo de confiança, 95% para os dois com valores bem diferentes que superam essa margem. Se de forma empírica já sabemos que um vai falhar, resta saber se serão os dois. Sobretudo com as mudanças de posições que vemos entre a sondagem do JM e do DN.
A partir da ficha técnica que enviaste, é possível fazer uma crítica fundamentada à sondagem do DN Madeira (Aximagem), realçando limitações metodológicas e possíveis causas para discrepâncias como as que se observaram face à sondagem do JM.
A amostra de apenas 403 entrevistas efetivas, talvez o que o dinheiro pode pagar, para um universo populacional como o do concelho do Funchal (com dezenas de milhares de eleitores), representa um número relativamente reduzido. A própria ficha técnica admite uma margem de erro de ±4,9%, valor elevado para um estudo que pretende medir intenções de voto com diferenças entre partidos de poucos pontos percentuais. Pequenas variações dentro desse intervalo podem alterar substancialmente as projeções e, por consequência... as interpretações jornalísticas. Não sei se isto é premeditado, mas cheira a componente de campanha de um partido. O PSD.
A sondagem recorre a amostragem por quotas, reequilibrada por sexo e idade. Este método não é aleatório, significa que não garante a representatividade estatística do universo. A seleção de entrevistados pode introduzir viés de autoseleção (pessoas mais disponíveis ou com maior propensão a responder), especialmente em inquéritos CAWI (online), que dependem do acesso e da vontade de participar.
A utilização combinada de entrevistas telefónicas assistidas por computador (CATI) e inquéritos online (CAWI) pode gerar diferenças de resposta significativas entre grupos de inquiridos, sobretudo em contextos locais. O perfil de quem responde por telefone tende a ser mais idoso, enquanto os inquiridos online são geralmente mais jovens e politicamente mais polarizados. Sem um reequilíbrio robusto, esta mistura pode distorcer os resultados.
O trabalho de campo decorreu entre 28 de setembro e 2 de outubro de 2025, com uma taxa de resposta de apenas 35,71%. Isso significa que quase dois terços das pessoas contactadas recusaram participar — um indicador de risco de viés de não resposta, que pode favorecer partidos com eleitorados mais mobilizados ou mais predispostos a falar de política. Meus amigos, o medo que cala e manipula também cria viés! O que significa os dois terços?
A ficha técnica não especifica se houve ponderações por nível de instrução, freguesia ou comportamento de voto anterior, variáveis fundamentais num concelho tão heterogéneo como o Funchal. Sem essa transparência, torna-se difícil avaliar a solidez estatística do reequilíbrio aplicado.
Eu diria que o eleitorado tem a capacidade de envergonhar qualquer sondagem. Se ela é instrumento de campanha eleitoral, o eleitorado também se pode impor.
Li um texto com a opinião que sugere a proibição das sondagens, não acho má ideia. Falta idoneidade neste contexto e o dinheiro é pouco para algo sério. Santa Cruz justificava uma sondagem, mas naturalmente só o Funchal vale o "investimento".