O governo da implosão social.


O Governo de Luís Montenegro transformou o país num laboratório de choque económico onde o trabalhador serve de cobaia e o Estado funciona como auxiliar de luxo do capital organizado. Não é dramatização: é a descrição fria de uma estratégia que retira direitos, desregula sectores essenciais e fragiliza deliberadamente o equilíbrio entre empregadores e trabalhadores. A técnica é conhecida, implodir a proteção laboral para aumentar a margem de lucro de quem já domina a economia.

A retórica da “modernização” não passa de um biombo para mascarar um programa ideológico profundamente regressivo. O Executivo aposta numa flexibilização radical das relações laborais, reduz inspeções, corta investimento público e devolve poder bruto às entidades patronais. É uma engenharia política feita para concentrar riqueza e disseminar precariedade. E o mais grave: tudo isto acontece sem mandato eleitoral para tal.

Montenegro governa à revelia do país real, ignorando que sistemas laborais demasiado desregulados criam economias frágeis, salários deprimidos e cidadãos dependentes. A evidência internacional é vasta: onde a legislação laboral enfraquece, a desigualdade explode e a mobilidade social entra em colapso. É este o modelo que o Governo tenta impor, embalado por um discurso tecnocrático que encobre a agressão económica em curso.

A Greve Geral de 11 de dezembro é, por isso, uma reação proporcional à gravidade do ataque. Não é excesso sindical; é autodefesa cívica. Quando um Governo se comporta como um gestor de interesses privados, o protesto deixa de ser uma opção e passa a ser um imperativo democrático. As reformas propostas desmantelam proteções fundamentais, incentivam abusos e convertem o trabalhador num recurso descartável.

Portugal está a ser conduzido para uma economia de baixo valor acrescentado, dependente de mão-de-obra barata e vulnerável ao aumento da pobreza laboral. O país não precisa de mais submissão fiscal e mais servidão económica; precisa de políticas públicas robustas, salários dignos e um Estado que proteja em vez de entregar o futuro nacional ao mercado sem freios.

Montenegro já provou que não governa para o povo, mas para quem tem lobby e capital. E um Governo que destrói o pouco que ainda sustenta a classe trabalhadora não merece continuar. A alternativa é clara: parar esta deriva antes que o país se torne irreconhecível.