Universidade da Madeira: a que horas se reforma o Reitor?


Antes ou depois de fechar a porta?

Há uma pergunta que se impõe, simples, direta e cada vez mais inevitável: quando é que pensa reformar-se?

É uma curiosidade legítima, não pessoal, mas institucional. Serve apenas para perceber se a reforma chegará antes de fechar a Universidade da Madeira — evitando assim o incómodo de assumir responsabilidades — ou depois, já com a casa vazia, os cursos encerrados e os danos devidamente consolidados.

É uma questão de calendário, não de idade. Serve apenas para apurar se a reforma chega antes de a Universidade da Madeira colapsar definitivamente, poupando-o ao incómodo de prestar contas, ou depois, quando já não houver cursos para encerrar nem prestígio para perder.

A degradação da instituição não aconteceu por acaso, nem caiu do céu. Foi sendo construída, decisão após decisão, sob a sua gestão e a do Reitor Carmo, que parece terem confundido liderança universitária com administração de interesses internos. Enquanto cursos fecham por decisão das entidades externas e a universidade perde relevância científica, internamente assistimos a um fenómeno curioso, concursos que nascem com vencedores anunciados, júris cuidadosamente escolhidos e presidências de concursos que mais parecem exercícios de validação formal do que processos de mérito académico.

Fala-se de concursos viciados, e fala-se cada vez mais alto. Concursos onde o currículo pesa menos do que a proximidade, onde a produção científica é substituída por conveniência, e onde a ascensão na carreira académica acontece sem obra relevante, sem impacto, sem reconhecimento externo. Professores sobem de categoria com currículos anémicos, mas com o apoio certo, no momento certo, sob o silêncio cúmplice da Reitoria.

Tudo isto acontece enquanto a Universidade da Madeira vê o seu nome associado a encerramentos, avaliações negativas e descredibilização progressiva. Uma universidade que promove internamente sem exigir excelência não pode depois fingir surpresa quando é avaliada como fraca por quem ainda leva o rigor a sério.

É aqui que a pergunta sobre a reforma ganha peso político e moral. Porque sair agora permitiria, convenientemente, dizer que os problemas “já vinham de trás” ou que “outros terão de resolver”. Ficar até ao fim, sem corrigir nada, permitirá dizer que “foi o possível”. Em qualquer dos casos, a responsabilidade parece sempre escorregar.

Mas a verdade é simples, liderar uma universidade não é gerir carreiras de amigos nem presidir ao declínio com solenidade. É proteger o mérito, garantir transparência e responder pelos resultados — sobretudo quando são maus.

Por isso, Senhor Reitor, esclareça a comunidade académica e a Região:

Vai reformar-se antes de assumir o desastre ou depois de o deixar consumado?

A Universidade da Madeira merece mais do que um reitor em modo de saída.