Um tesouro, com cerca de 20 milhões, foi guardado para nós: a floresta da Laurissilva. Esta relíquia do Terciário, chegou até aos nossos dias porque evoluiu isoladamente, ao longo de milhões de anos, afastada dos herbívoros e da atividade humana. Outrora, ocupou vastas áreas do Sul da Europa e da bacia do Mediterrâneo, sobrevivendo atualmente apenas nos arquipélagos atlânticos: Açores, Madeira e Canárias.
Na Madeira, uma floresta Laurissilva estende-se por 15.000 hectares e representa 20% do total da ilha. A Laurissilva da Madeira encontra-se protegida por legislação regional, nacional e internacional:
- Habitat prioritário,
- Zona de Proteção Especial,
- Reserva Biogenética do Conselho da Europa,
- Património Mundial Natural pela Unesco.
Assim, a floresta Laurissilva impede, simultaneamente a degradação da qualidade do solo e promove a infiltração da água que vai alimentar os lençóis freáticos. É nesta floresta que nasce a água que corre nas nossas levadas, pelo que a redução da sua área compromete o fornecimento de água à comunidade. Por muitas levadas que se construam se não se mantiver e, dadas como mudanças climáticas, inclusivamente ampliar a área de distribuição da floresta Laurissilva, todos os trabalhos de canalização e armazenamento para o armazenamento de água serão inúteis.
A sua composição faunística é particularmente rica em vertebrados e invertebrados, destacando-se no primeiro grupo duas raras espécies de morcegos e subespécies endémicas de aves (Pombo-trocaz, o Bis-bis, e o Tentilhão). Na Laurissilva existem mais de 500 espécies endémicas de invertebrados (moluscos, aracnídeos e insetos).
Não são os políticos que vão resolver os nossos problemas ambientais, por isso deixem essa tarefa aos investigadores, que devem ter a última palavra, baseada em dados e estudos científicos. Neste momento, é pedido aos investigadores uma crítica ecológica salutar. Nem sequer lhes pedimos a condenação da construção da estrada, mas a defesa da Floresta Laurissilva.
É chocante o silêncio das pessoas que sempre defenderam a Laurissilva! Ainda mais porque tenho a certeza que o faziam convictas da importância do vasto, rico e único Património Natural, e que na altura era apenas património dos madeirenses. Ainda me lembro de acompanhar a Dra. Susana Fontinha numa visita à Laurissilva e do entusiasmo com que falava da sua importância:
https://ensina.rtp.pt/artigo/patrimonio-mundial-portugues-floresta-laurissilva-da-madeira
Espero que continue a dar a conhecer este tesouro e nos ensine a conservá-lo. Há ainda aqueles que defendem uma Floresta Laurissilva por uma questão de oportunismo político. Em tempos, o Dr. Rui Barreto classificava a estrada das Ginjas, em plena Laurissilva, como um atentado ambiental e desafiava a Dra. Susana Prada a pronunciar-se sobre a pavimentação da estrada. E agora? Em que ficamos ?!
A estrada da Ginjas também faz parte do enxoval que levou para o PSD? Quem vos viu e quem vos vê!
Colecção examinada sobre a floresta Laurissilva, consubstanciadas na construção da estrada das Ginjas. Esta estrada com uma extensão de 10 km atravessará o coração da Laurissilva, destruindo logo no início da sua construção uma área extensa, aproximadamente 100.000 m2 de coberto vegetal. Mas depois da sua construção, iniciar-se-á um novo processo de degradação desta floresta com consequências imprevisíveis.
A estrada trará carros, com eles se contaminarão os musgos afetando negativamente os invertebrados, bem como o ruído que afastará as aves dentro do seu refúgio. Já imaginaram o atentado acústico de um grupo de motards a “passear” pela estrada das Ginjas? Com a estrada chegarão pessoas, piqueniques e churrascos, bem como a possibilidade de incêndios, originados pela negligência. E depois dos passeios sobrarão os sacos de lixo, as beatas, as típicas garrafas de cerveja e as latas.
A estrada facilitará também o acesso a pessoas mal-intencionadas. Os pirómanos terão estrada aberta. Já imaginou o Património Mundial em cinzas? Nem pensem que a Fénix renascerá das cinzas! A estrada levará espécies vegetais exóticas invasoras com as quais a vegetação da Laurissilva não consegue competir. A estrada trará os “abandonadores” de animais, que soltarão em plena floresta gatos e cães, com o perigo em especial dos felinos se tornarem silvestres e dizimarem a avifauna (aves).
Por sua vez, à estrada chegará também um centro de interpretação ambiental que ao fim de algum tempo será encerrado e transformado numa loja de souvenires de tretas chinesas com a palavra Madeira. A acompanhar chegará também a cafetaria, o restaurante e os parques de estacionamento. E se alguém lembrar de edificar um oratório, também chegarão velinhas. Devem ponderar bem a escolha do santinho, pois com toda a certeza que vão precisar da sua intercessão.
A estrada vai também promover a fragmentação da floresta Laurissilva, ainda mais o habitat disponível para espécies animais endémicas. A força bruta do “custe o quer custar” e do “quer queiram, quer não” contrasta com a mais absoluta ignorância da comunidade sobre o projeto que está a ser urdido. Até agora, não sabemos que tipo de infraestrutura viária o Governo Regional pretende construir. Será um caminho agrícola, um caminho rural ou uma via rural? Será uma via empedrada, asfaltada ou ladrilhada?
No caso da via rural, tendo em conta a faixa de rodagem e as melhores bermas, teremos uma área desflorestada da Laurissilva equivalente a 10 estádios de futebol! Ou na melhor das hipóteses, no caso de um caminho agrícola, será desflorestada uma área de 7 estádios de futebol! Uma barbaridade! É incrível que a Floresta Laurissilva sobreviveu por 6 séculos de “colonialismo cubano”, mas poderá acabar destruída pelos representantes de um “povo superior”!
Os madeirenses defensores do bem comum devem unir-se e lutar contra este atentado à Floresta Laurissilva!
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Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020 00:59
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