E stou cansada de ver o senhor Albuquerque a falar mal de Lisboa e do continente, o grande desastre que por aqui vai e o sucesso da Madeira, apadrinhada até por alguns de cá que ficam estrábicos. Esse discurso muito esconde e desvia atenções, quando vamos à prática, vivem e nascem cada vez menos pessoas na ilha e é a zona mais pobre do país. Não falo de cor caro senhor. A mim faz confusão tanta exibição de engenharia, a opulência das obras e de como o povo ainda é pobre. O social não acompanhou e, numa ilha fortemente subsidiada não foi possível avançar, ter a tal vanguarda, em 47 anos.
Eu "fugi" da Madeira para me formar, me valorizar profissionalmente e ter um estágio digno que me valorizasse, ter uma saída profissional que não existe na Madeira. O senhor Albuquerque que me explique essas grandezas. Só quem não sai da Madeira é que engole as besteiras do senhor ou de quem o rodeia. O mundo é feito de mudança ... o que muda na Madeira?
Senhor Albuquerque, no continente podemos ver RTP Madeira mas também há internet, apesar de não sermos tão desenvolvidos. As redes sociais funcionam por cá, quando diz alarvidades torna a Madeira uma ilha de campónios e não de vanguarda, o senhor não é o único culpado, até porque se votam em si é que acham que é verdade e tem crédito.
Uma palavra para a oposição da Madeira, 47 anos a perder revela falta de qualidade para vencer, o partido do senhor Albuquerque mesmo sem qualidade vence? O que pensar? Que o resultado, a vitória cristalizou-se em volta de subsídios e dependências que até são convenientes à oposição? Faltam quadros para serem credíveis? Discurso? Posicionamento e argumentos? Fazer diferente e defender os madeirenses? Eu nunca vi uma realidade tão boa para a oposição crescer. Mas não vejo isso como trunfo.
Escrevo no 25 de abril, alguém reparou que Portugal saiu de uma ditadura de 41 anos e a Madeira teve a oportunidade de se meter numa "Autonomia" de 47 sempre dos mesmos? Dei-me ao trabalho de comparar facetas da ditadura/autonomia:
- A exaltação do líder, que está sempre certo nas tomadas de decisão; Madeira: então digam-me lá quem é o maior perfeito na Madeira que despacha posta de pescada para toda gente no continente?
- A existência de um só partido, a União Nacional, partido do governo; Madeira: existem vários mas orbitam em favor de quem? Todos mentem e vendem-se, contados os votos o PSD é governo com todo tipo de esquemas. Quem é peão da democracia "à moda da Madeira" depois das eleições revela-se.
- A Repressão através da política da Polícia Internacional de Defesa do Estado; Madeira: silenciamento da comunicação social, controlo da Justiça, represálias e assédio sobre quem fala diferente sobretudo na função pública, polícia da "rede", polícia política que atua pelo padrão da política regional deixando cidadãos desprotegidos (vide pelo ruído).
- A Censura aos meios de comunicação social; Madeira: precisamos de falar acerca disto?
- O Nacionalismo exacerbado; Madeira: regionalismo de igual monta e com inimigos externos.
- Criação da Mocidade Portuguesa: organização juvenil criada em 1936 com o intuito de orientar a juventude para os valores patrióticos e nacionalistas do Estado Novo. Observando que a inscrição era obrigatória entre os sete e os quatorze anos; Madeira: o PSD-M é o centro nevrálgico de tudo e sua Juventude solução para todo jovem que queira ficar na ilha, o desemprego e demais instituições são uma fachada para os excluídos.
- O Resguardo dos valores morais e tradicionais; Madeira: o resguardo do valores essenciais para a manutenção do regime, numa linguagem própria repetida vezes sem conta e que marginaliza a própria Madeira. Muitos no país desconfiam do discurso da Madeira, depois lamentam mas a culpa é própria.
- Retirada de todo caráter reivindicatório dos trabalhadores através da politica corporativista; Madeira: compra de quase todos os sindicatos na região, controlo da Inspeção de Trabalho, da ARAE, do Desemprego, vencimentos baixos, muitas vezes sem regras e sem respeito porque as empresas do regime ditam as leis, os contratos e as concessões.
- Política económica protecionista que tinha por fim a redução das importações e aumento da produção do país e no investimento da construção de obras públicas. Na Madeira a economia não dá passos que não seja pelos mesmos monopolistas do regime. Não tem mercado aberto e tudo está cheio de truques. O Ferry na Madeira é um símbolo.
Depois dos discursos ficará tudo igual. Senhor Albuquerque, Salazar dizem que morreu pobre, o senhor depois da falência pessoal como anda?
Enviado por Denúncia Anónima.
Quarta feira, 26 de Abril de 2023
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