GesBa: vai falir?


Será possível que a GesBa
(empresa para a gestão da banana)
vá à falência? 

A GesBa só não faliu porque paga, em valor real, um terço do que as cooperativas pagavam em 2006-8, quando lhe entregaram a “chave”. Para a GesBa falir, bastava ter de pagar o valor nominal que as cooperativas pagavam.

Vamos a alguns “fact check”:

1 Não há ainda relatório de contas do ano 2022 (o anexo + o balanço não substituem o relatório anual de contas). Os últimos dados oficiais e definitivos são os que estão no sector empresarial da Secretaria das Finanças: 3 relatórios trimestrais, até ao final de setembro 2022. 

No final de setembro 2022, os custos de funcionamento por comparação com os do final de 2021, aumentaram mais de 30% (de 0,60 €/Kg para 0,81 €/Kg)!! Passaram de 12 milhões de euros (M€) em 2021, para 14,2 M€, o que projeta para o total do ano 2022 quase 19M€!!

2- Para se ter uma ideia mais completa da magnitude das disfunções da GesBa, as cooperativas quando entregaram “as chaves”, pagavam pela banana extra 0,60 €/Kg e pela de 1ª, 0,51€/Kg, sabendo que o preço de venda em Portugal continental oscilava entre 0,95 e 1,35 €/Kg. Atualmente, o valor médio pago pela GesBa ronda os 0,38 €/Kg e a banana vende-se entre 2,20 e 2,80 €/Kg!

3- Canárias tem vindo a aumentar a quota de mercado em Portugal. Em 2021, era de 43% (anexo), vendendo a banana a um preço próximo do nosso. Se o modelo de gestão não for alterado, vamos ter problemas. Salvou-nos, por agora, o vulcão de La Palma que destruiu muito bananal. Só La Palma produzia 6,5 vezes mais banana que a Madeira (RAM).

4- O aumento da produção, de 20 mil toneladas (mt) em 2021 para 22,7 mt em 2022, deveu-se sobretudo a 3 fatores: pouco vento; melhoria na atividade cultural; rentabilidade. Mas, atenção, a rentabilidade provém do subsídio da União Europeia (UE), que representa quase metade da receita do produtor. O valor que provém da venda mal cobre os custos de produção.

Mas, os subsídios não são eternos. Basta que a UE reduza para metade o subsídio para que a atual situação desmorone. Com a diminuição da rentabilidade resultante da baixa do subsídio, os produtores com menor produtividade vão baixar ainda mais a sua produção, pois deixa de “valer a pena”. 

Quantifiquemos: os bons produtores, em ano não muito ventoso, produzem mais de 55 t/h/ano. Como a produção média na RAM é de cerca de 33 t/h/ano, isto significa que há muito produtor que nem atinge as 23 t/h/ano. Como a área média é de cerca de 2200 m2, o rendimento proporcionado deixa de ser motivante pelo que se vão desleixar ainda mais ou abandonar o cultivo, como já aconteceu no passado. Como estes produtores representam uma parcela substancial do total produzido, este vai cair rapidamente para valores a rondar as 18 mt/ano. Dado o tipo de custos que a GesBa tem, terá de despedir muitos trabalhadores e reduzir o valor que paga aos produtores, levando ainda mais ao abandono… 

E nem coloco a hipótese de termos 2 anos consecutivos com ventos fortes… como já aconteceu.

5- a GesBa é uma empresa que pertence exclusivamente ao governo que a pode vender, concessionar, dar ou, se preferir, doar. Assim, será legal a GesBa utilizar o dinheiro da venda da banana (que pertence aos produtores) para pagar a construção de infraestruturas (só 3 custaram 23 milhões de euros!) que passam a pertencer-lhe, sem o consentimento explícito dos produtores?  Repito: isto é legal?

Compreende-se que esta história tem muitos requisitos para acabar mal para os produtores de banana… até porque não têm alternativa: a GesBa opera em regime de monopólio… blindado pela portaria 204/2016, esta também contrária às diretivas da UE que incentivam a concorrência.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 26 de Julho de 2023
Todos os elementos enviados pelo autor.

Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira