S ou reformado português mal pago, com uma vida de trabalho tenho a minha casa no Funchal. Presumo que outros reformados do estrangeiro querem o mesmo do que eu: tranquilidade. Eu aceito um período de obras, não aceito anos a fio. As obras amaldiçoam a nossa terra, a elas se deve o mau ambiente, os fracos rendimentos, a dívida e a falta de tranquilidade.
Eu paro para ver e não sei como querem conjugar a natureza e a paisagem com a construção desenfreada, os atentados à natureza, jaulas, terra e dejetos no mar, o caos da massificação. É tudo mais, mais e mais sem planificação nem limite. Estamos numa governação da cidade e do arquipélago de fazer enquanto dá. Não há mesmo planificação do destino da Madeira.
À minha volta há tanto barulho, pó e confusão, quando escolhi e paguei por tranquilidade. À minha volta nascem arranha-céus, não sei como, moradias misturadas com blocos de apartamentos, vistas e distâncias não se respeitam. Claro que tenho obras por perto, e às vezes penso como tudo isto é estúpido.
Por exemplo, há uma máquina que todo dia apita, há 5 meses, sempre que engata marcha atrás. Trabalhadores e redondezas acostumaram-se e não ligam, mas ao contrário do que se pensa o massacre existe no subconsciente e vai se refletir na disposição das pessoas. As pessoas andam ariscas porque tudo irrita apesar do autocontrolo. Até que descamba num momento de fraqueza. Essa máquina acaba por apitar e já não avisa porque ninguém liga, portanto o apito tem efeito nulo.
É aqui que quero chegar, o efeito nulo, a exemplo dessa máquina, quantas pessoas fazem sempre a mesma coisa todos os dias sem qualquer efeito prático ou pragmatismo? Somos uns zombies. Comemos mal, dormimos pouco, não temos tempo para nós, vivemos em barulho e pó (pois, também) não vivemos suficientes horas aprazíveis, não queremos ver gente porque elas não respeitam nada nem ninguém, não acreditamos que vamos encontrar gente agradável. Os bichos de estimação são muitas vezes a imagem do dono, não é só na estrada.
Uma pessoa emigrada emprestou-me uma casa no campo, cuido-lhe da casa e em troca recebo saúde. Foi o melhor negócio da minha vida. Os estrangeiros vão se fartar mais depressa do que nós.
Vamos cansar de demasiada gente na nossa ilha, não é sustentável. Vejo que já começaram a estragar o norte ... Fugimos daqui para onde?
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 27 de Julho de 2023
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