De vitória em vitória até à derrota final


E m Portugal e, sobretudo, na Madeira, criou-se a convicção de que só a maioria absoluta confere as condições para governar. Esta é uma demonstração de menoridade dos nossos líderes políticos, já que revela a sua incapacidade para negociar e estabelecer acordos de governação, a qual é fundamental em democracia. 

Nas democracias consolidadas e desenvolvidas, como, por exemplo, na Europa do Norte, é normal e perfeitamente assumido que, após eleições, os partidos, que raramente têm maiorias absolutas, estabeleçam negociações para formar governo. Estabelecem acordos de incidência parlamentar ou de governo, sem qualquer rebuço ou problema. Os governos resultantes executam as políticas acertadas e vão até ao fim das legislaturas.

Cada partido envolvido apresenta o seu caderno de encargos. O resultado da negociação será a viabilização de um governo. Ninguém, das forças em presença, fala em traições até saber, claramente, até onde foi a transigência e saber se o fundamental do programa eleitoral do partido em que votou estará assegurado.

O PPD/PSD – Madeira vai, sempre vitorioso, a caminho do precipício. De eleição para eleição vão diminuindo os votantes e, no passado domingo, acabou por perder a maioria absoluta. Não conto sequer com o CDS/PP que só sobrevive à boleia: estou convencido que, a ir a votos sozinho valeria pouco mais do que zero. O abraço do urso a que se deixaram sujeitar a isso levou e os eleitores fiéis do CDS, entre os quais, algumas eleições atrás, me contava, não têm nenhuma razão para voltar a votar num partido que abandonou 40 anos de história em troca de uma meia dúzia de sinecuras para os dirigentes da ocasião.

Temos assim o CDS/PP morto e quase enterrado. O PPD/PSD avança agora sobre o PAN. É gritante a impreparação dos dirigentes desta agremiação (tenho dificuldade e considerá-los como partido). Apresentaram uma listazinha de coisas genéricas como caderno reivindicativo, às quais qualquer governo, de qualquer proveniência, não tem dificuldade em dizer que sim. Aquilo que é fundamental para a vida dos madeirenses (nomeadamente e sobretudo, a carga fiscal) ficou esquecido. Os cachorros, os gatos, os periquitos e os peixes de aquário vão ter rações de borla. Os outros animais vão esperar dias melhores!

A negociação que se apresenta não é, assim, de molde a assegurar os desígnios e esperanças das pessoas que terão votado no PAN. É certo que este partido não foi beneficiário de voto útil e que seus eleitores, salvo alguma distração, quiseram claramente eleger quem defendia os princípios do manifesto que foi apresentado. Por isso é que, reduzindo o seu projeto eleitoral a duas mãos cheias de intenções/medidas os dirigentes do PAN desiludem quem os elegeu. Mais: arriscam-se a deixar o seu partido e ideias se consumir no turbilhão da ação governativa do PPD/PSD e tornarem-se perfeitamente irrelevantes na próxima eleição.

Entretanto o PPD/PSD prossegue, ufano, na narrativa de única força representativa do povo superior que, forçadamente, criou. De vitória em vitória, mas sempre a perder votos em cada eleição. A única coisa que safa a evidente decadência é a trapalhada que sistematicamente assola o PS regional. Se alguma vez os socialistas se alijarem dos cancros, carreiristas e oportunistas que vivem à sua sombra (vd. a lista que apresentaram) e empestam os lugares que conquistam, os madeirenses terão finalmente uma alternativa, em DEMOCRACIA.

Veremos!

Nem toda vitória traz plena satisfação, assim como nem toda derrota significa o fim. Às vezes a vitória mima o vencedor, mas a derrota, com seu amargo sabor, sempre mostra suas falhas e torna sua próxima vitória muito mais valiosa, porque aquele que vence sem nunca ter sido derrotado não consegue distinguir o sabor de uma pequena vitória do sabor de uma grande vitória. Sidney R. F. Queiroz

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 26 de Setembro de 2023
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