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Que confiança começar a campanha a 12 de setembro. |
O teatro político madeirense prepara-se para mais uma sessão de “comédia democrática”, desta vez com a encenação do PSD Madeira para a Câmara Municipal do Funchal. Em palco: Miguel Albuquerque, o eterno encenador e maestro de todos os cordelinhos, e o seu candidato de serviço, Jorge Carvalho, que aparece na ribalta com a mesma autonomia de um boneco de ventríloquo.
A cena é simples: Albuquerque fala, promete, gesticula, bate com a mão na mesa. Carvalho, ao lado, olha ansioso e pergunta em voz baixa: “Chefe, posso falar?”. A plateia ri, mas é um riso amargo, porque todos sabem que, mesmo que fale, o guião já está escrito, e não por ele.
O candidato não é candidato. É apenas o megafone portátil de Miguel Albuquerque. Não conhece os problemas das freguesias, não percebe a realidade da Câmara Municipal, não tem sequer espaço para improvisar. A sua função é clara: dizer o que o chefe mandar, sorrir nas fotografias, acenar nos comícios e assinar por baixo todos os negócios cozinhados previamente na Quinta Vigia.
É a política em versão “marioneta”. A corda puxa-se em São Lourenço, o boneco mexe-se no Funchal. Albuquerque levanta o dedo, e Carvalho abana a cabeça em concordância. Albuquerque abre a boca, e Carvalho articula as sílabas em playback. Uma dupla digna de ventríloquo de feira popular, mas com orçamento público.
Eis a verdade crua: o candidato não tem voz própria. Tem apenas um microfone ligado ao bolso de Miguel Albuquerque. Não pode falar antes de consultar o chefe, e quando falar será apenas para repetir o refrão: “tudo pelo bem da cidade”, que em tradução simultânea significa “tudo pelo bem dos negócios já planeados”.
E aqui reside a ironia maior: vendem a ideia de “proximidade às pessoas”, mas a única proximidade que contam é a dos corredores do poder. Proximidade aos dossiers já alinhavados, às obras já encomendadas, às parcerias já combinadas. O resto, freguesias, bairros, necessidades reais do povo, é mero cenário secundário, com figurantes que só servem para aplaudir.
O Funchal, nesta peça tragicómica, não vai eleger um presidente de câmara. Vai eleger um secretário pessoal de Miguel Albuquerque, pago em vencimento autárquico. E todos sabemos que secretários obedecem, não decidem.
O resto é teatro. Teatro de marionetas e criados da Quinta Vigia.
E a verdade, não há dúvida, mais tarde ou mais cedo virá ao de cima. Já está feita a reforma dourada para a fuga do futuro. E atenção: não é uma fuga improvisada, não é uma fuga como a dos incêndios. É a fuga verdadeira. Já há uma fada disposta, já existe uma rota preparada, já existe um paraíso pronto para receber o rei longe da Madeira.
Dinheiro? Já está garantido. Vidas organizadas? Já estão. O plano real? Já está todo montado. A Madeira foi apenas um instrumento. O PSD foi apenas um veículo. O rei, esse, foge. Os criados… alguns irão com ele. Outros, os menos importantes, ficarão cá no barco furado, à deriva.
Não se iludam, senhores: esta peça tem final anunciado. O rei foge, a corte divide-se, e os criados descobrem tarde demais que nem todos cabem na arca dourada.
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