N o tempo da minha avó Maria era mais fácil acreditar. É que, para bem e para mal, só quem tinha antena para Canárias podia ficar a saber o que por lá acontecia e, lá muito de vez em quando, conhecer como se vê de fora este belo arquipélago para o qual a Revolução de Abril reservou alguma independência.
O resto do povo ia vendo o noticiário da Maria Luísa, com muito respeitinho e fé em Deus.
Com o passar dos anos e a arromba de meios de informação e difusão, tudo ficou complicado para quem, lá nos intervalos do trabalho, vai tentando ficar a par da atualidade regional.
Em décadas mais recentes tem havido descobertas que nos custaram um doloroso e quase crónico PAEF e, mais recentemente, outras joias da atual governação por herança de Miguel Albuquerque.
Agora, nestes nossos dias, dá-se um bate-boca intrigante:
Por cá, o Telejornal regional vai dando voz e destaque a quem nos fala de crescimento, de desenvolvimento, de qualidade de vida e de muitos mais motivos para crer que “a ilha tem tudo para ser um exemplo para o resto do território nacional”.
Não é possível negar que com esse traje, o monarca fica bem visto. Mas, o problema é que não há acordo quanto às cores da realeza, nem mesmo quanto ao tipo de tecidos e modelos das vestes reais.
Isto porque a oposição, quando a deixam falar, vai apontando maleitas, pés de barro e telhados de vidro a quebrar na nossa terra.
Então, lá por causa das eleições e da campanha eleitoral que vamos tendo em modo pré e em modo oficial, vem de lá um Telejornal com notícias diferentes, bem mais parecidas às descritas pelos detratores do Senhor Presidente.
Não deixa de ser caricato que o retrato da Madeira feito pelo Telejornal da RTP-1 dos cubanos contraste tanto com aquele que é pintado no noticiário regional...
E que por obra de critérios editoriais de replicação de conteúdos noticiosos acabemos ver que o Rei cá de casa vai realmente nu.
No tempo da minha avó Maria era muito mais fácil crer... e mais barato.
Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 15 de Setembro de 2023
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