Cavar sem style


Ferida na terra.

A gente espera!

N uma ilha onde as ondas do mar se confundem com as ondas de escândalos, surge uma figura quase mitológica, digna de uma epopeia contemporânea. Rafaela Fernandes, ex-emblema de vigor e destreza nas lides juvenis da JSD, teve uma passagem pelo SESARAM que, sem dúvida, marcará as páginas da história - e não só as da memória coletiva, mas talvez até as dos anais da administração pública. Com uma trajetória digna de nota, ou talvez de uma novela rica em reviravoltas, a nossa protagonista abraçou a ruralidade com uma leveza que nos faria questionar as leis da física, não fosse a sua conhecida robustez.

E quem diria que Rafaela, com seu conhecido desapego ao poder e ao vil metal - qual D. Quixote de saias enfrentando moinhos de vento modernos -, decidiria que os fundos europeus deveriam passar pelo crivo da sua mão diligente? Ah, os tempos que correm não estão para amadores, e a necessidade de vigilância nunca foi tão premente, especialmente quando se tem memória dos espetáculos circenses anteriormente protagonizados por outros ilusionistas da gestão pública.

Eis então que a nossa Rafaelinha, num gesto de audácia que lhe é reconhecida, cancela às escondidas a viagem do seu subordinado a "Lisboa" e decide ela mesma encarar os "cubanos" - essa denominação carinhosamente madeirense para referir-se aos nossos irmãos continentais. Afinal, quem melhor do que ela para lidar com a complexidade dos diálogos inter-regionais, especialmente quando estão em jogo nada menos do que 900 milhões de euros?

Mas oh desdita, ao fim do primeiro dia de reuniões, Rafaela percebe que o desafio é maior do que antecipava. No entanto, armada de uma persistência que faria Ulisses parecer um turista perdido em Troia, ela não desiste. O segundo dia chega e com ele, a revelação de que, talvez, o labirinto do PEPAC seja mais complexo do que os enredos de uma telenovela das nove. Mas desistir? Jamais! Afinal, com a execução dos fundos europeus correndo "de vento em poupa" e os agricultores madeirenses nadando em riqueza (permitam-me o sarcasmo), como poderia nossa heroína falhar?

Assim, com a sabedoria de uma estratega que faria Napoleão tomar notas, Rafaela decide: enquanto não compreender plenamente o mecanismo de distribuição desses recursos, tudo ficará em suspenso. Uma decisão audaz, sem dúvida, que nos leva a refletir sobre a eficácia de deixar o dinheiro repousar, talvez numa tentativa de fermentação, para que cresça e se multiplique.

E no final das contas, alguns apontam dedos à ausência de um orçamento aprovado, como se tal documento fosse a panaceia para todos os males. Ah, se fosse tão simples! Mas não, a trama é densa e os personagens, complexos. Rafaela Fernandes, com sua entrada triunfal na arena da Agricultura e Desenvolvimento Rural, promete mais capítulos desta saga insular. E nós, espectadores atentos, só podemos esperar que, no final, a ironia e o sarcasmo não sejam os únicos frutos a ser colhidos.

Explicando agora de forma resumida:

Rafaela Fernandes, responsável pela Secretaria Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, decidiu assumir pessoalmente a participação numa reunião de acompanhamento do PEPAC (Programa Estratégico da Política Agrícola Comum), originalmente destinada a um dos seus subordinados. A mudança foi feita sem aviso prévio, sendo o subordinado informado apenas pela agência de viagens. O PEPAC é um programa de grande envergadura, envolvendo fundos que ascendem a 900 milhões de euros.

Durante os dois dias de reuniões, ficou evidente que Rafaela Fernandes tinha dificuldades em compreender a complexidade dos assuntos tratados, mostrando-se alheia aos detalhes técnicos e estratégicos do programa, que é fundamental para o desenvolvimento rural e a agricultura da Madeira.

Após retornar à Madeira, e diante das dificuldades encontradas para assimilar os pormenores do programa, Rafaela decidiu suspender o PRODERAM/PEPAC. A suspensão visa dar tempo para que ela possa compreender melhor a distribuição e a organização dos fundos, assegurando uma gestão que lhe agrade dos recursos disponíveis.

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 25 de fevereiro de 2024
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