S ou de um tempo em que as casas de abrigo espalhadas pelas nossas serras e Porto Santo estavam ao serviço do povo madeirense, tendo o propósito destas apelidadas casas do governo preocupações sociais, favorecendo momentos de lazer e bem-estar em família. Aquele fim-de-semana no ano era aguardado com ansiedade e espectativa pelos miúdos e graúdos porque tal agora como naquela altura, hoje nem todos têm a sorte de se dar ao luxo de fazer umas férias fora daqui. Mas ao longo dos anos foi-se deixando este património degradar, até que estas casas não reuniam quaisquer condições de habitabilidade. Atualmente a única que ainda se encontra ao dispor da população, é a Casa do Abrigo do Cedro, no Montado do Pereiro e que oferece poucas condições.
Os apetites vorazes e o despertar para outros interesses levaram à conceção das casas do Rabaçal e do Ribeiro Frio, desvirtuando a essência e o propósito daquelas habitações e despojando um património que é de todos nós em favor do turismo e do servir alguma clientela. Mais fácil de perceber foi a finalidade de uma das casas das Queimadas que serve para expor os usos e costumes das nossas gentes.
Desconhecida é a situação em que se encontra a casa de S. Jorge e do Pico Branco no Porto Santo sendo que também atualmente não consta da lista das Casas de Abrigo.
Por imperativos de mobilidade a Casa da Rocha do Navio está indisponível, devido à inoperância do teleférico, bem como as do Lombo do Mouro devido a ligação Encumeada Paul da Serra, estrada que se mantém fechada, sem que se perceba porquê ou talvez não. Quanto à do Pico das Pedras, encontra-se indisponível já algum tempo, por deixar de ter condições, mais uma que fica a aguardar por melhores dias.
Desativadas e ao abandono encontram-se a Casa das Sorveiras e a Casa da Bica da Cana, esta última já alguns anos.
Em tempos estas casas eram cedidas de forma gratuita, depois tiveram um custo pecuniário associado, e muito bem tendo por base o principio do utilizador pagador e que neste caso é entendível, podendo até mesmo ter um custo mais elevado, se os utilizadores vissem proporcionalmente a manutenção e preservação de forma contínua dos espaços, facto que não se deslumbra, até chegar ao ponto de não reunir condições de permanência. Este foi o desfecho a que ficou relegado a das Sorveiras e a do Pico das Pedras, depois daquele fogacho da inauguração da Sr.ª Prada e devidamente difundida na comunicação social de propaganda. Era interessante que esta mesma comunicação social revisitasse estes espaços, e já agora na mesma viagem, aproveitava para visitar as suas arvorezinhas.
Neste registo de propaganda para almas ingénuas, recentemente a Sra. Secretária da Agricultura, Rafaela Fernandes, naquela célebre reportagem das infestantes do Caminho das Ginjas, alegava a necessidade da pavimentação deste caminho, como forma de levar eletricidade à Casa do Caramujo com a justificação oca de oferecer melhores condições aos caminheiros e seus utilizadores.
Sra. Secretária face ao nível de degradação e de abandono de todo este património e com tanto para fazer, a sua preocupação é pavimentar o Caminho das Ginjas invocando a eletrificação da casa? Olhe, para além de não ser necessário pavimentar para passar cabos, não o faça, porque ao meter eletricidade nesta casa perde-se a envolvência e o encanto do ambiente, para além de promover o uso de tecnologias em detrimento de conversas à volta da mesa ou da lareira. Não o faça nesta nem em nenhuma outra que ainda não tenha eletricidade. Antes pegue no dinheiro que vai enterrar no Caminho das Ginjas e reabilite todo este património e devolva à sua função e aos Madeirenses. Recordo que algumas destas casas foram doadas por privados em favor da região, não sendo este governo sequer capaz de as manter.
Inclua também na lista a reabilitação da Casa do Vale da Lapa, que a solução que encontraram foi fechar a blocos portas e janelas.
Guarde ainda também uns trocos para o seu companheiro de governo, fazer a limpeza das escarpas da ligação Encumeada, Paul. Recordo que esta estrada foi intervencionada e reaberta em 2017, onde foi feita uma limpeza e consolidação das escarpas, justificada pela sua importância rodoviária e paisagística. O que mudou?
Será o Caminho das Ginjas? Olhe que também neste, rola pedra!
Por último, apenas mais uma nota sobre essa inarrável reportagem em que aparecia uma outra protagonista bem nossa conhecida e que padece de uma maleita na coluna. Há coisas que não há mesmo forma de dizer de outro jeito, se não o fazer com todas as letras! Mónica, vendes a tua alma ao diabo, tu já foste capaz de dizer tudo e o seu contrário, pareces um Ventura. Vais rebentar com o teu partido. As tuas causas limitam-se ao teu emprego politico. Ah, não te esqueças também de regar as tuas árvores. Convida a comunicação social para revisitá-las também daqui por um ano.
E não faças a limpeza das infestantes com maquinaria pesada.
Quanto a estas casas, chega de deixar a se degradar para depois ser justificação para serem concessionadas aos privados. É preciso governar para o povo, aquele que tem o dinheiro contadinho.
Nem todos têm uma Casa Del Mar, nem férias manhosas no Savoy com livre trânsito.
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