C aía a noite e chovia tempestuosamente lá fora quando José afastou as cortinas da janela do seu apartamento no bairro da Nazaré. Enquanto as gotas batiam freneticamente nos vidros da janela, José esboçou um sorriso murmurando para si prório “o Prior não acerta uma!”. De súbito o seu pensamento foi interrompido por uma mão que lhe tocou no ombro -“o jantar está pronto…” - era Maria, a mulher da sua vida.
José beijou-lhe a testa, abriu o frigorífico, tirou uma cerveja Coral e sentou-se na mesa. José era agente da Judiciária e naquela noite tinha um serviço de vigilância no bairro de Santo Amaro. Enquanto comia, Maria apreensiva, olhava-o nos olhos porque que há mais de dois meses que o seu marido passava as noites fora numa missão de vigília de um caso de tráfego de estupefacientes.
José levantou os olhos, olhou para Maria, endireitou os cabelos e com um sorriso perguntou “estou assim tão com mau aspeto?”. Maria sorriu e respondeu-lhe “mesmo despenteado e com essa barba, serás sempre o meu Brad Pitt…”
E quando José se preparava para a abraçar, o seu telemóvel tocou. Dou outro lado da linha alguém com uma voz aflita dava-lhe ordens. Enquanto ouvia o interlocutor, o semblante mudou e ficou sério. Depois de uns minutos a ouvir as ordens, desligou a chamada, pegou na Glock verificou se o carregador tinha balas, olhou para a Maria e gritou “veste um casaco! Trás o que puderes… temos de sair daqui já!”.
Em pânico, Maria vestiu o casaco, agarrou numa mochila e perguntou-lhe “José o que é que se passa?”. Sem mais palavras, José pegou no braço da Maria, desceram as escadas, meteram-se no velho Opel Corsa, rodou a chave e arrancou.
Já a caminho da Via Rápida, José olhou para a Maria e ripostou “Corruptios, um vírus letal produzido pela Inteligência Artificial escapou dos laboratórios da Biofábrica das Moscas da Camacha, já infetou toda a gente na Quinta Vigia e já chegou à Rua dos Netos.
Maria, com as lágrimas nos olhos e com a voz embargada perguntou-lhe “…e eles morreram?...”
José, concentrado na estrada, e sem olhar para Maria, respondeu-lhe “pior!... Transformaram-se todos em Zombies e estão a morder toda a gente que depois transformam-se também em zombies! As últimas notícias dizem que já há mais de dois mil infetados…”
Maria, ainda em pânico, agarrou-lhe no braço do José e perguntou “José, será que também vamos ficar infetados?”.
Sem olhar para a Maria - e sempre com os olhos na estrada - José acaraciou-lhe a face e respondeu “julgo que não … parece que o vírus só ataca os políticos…”
Maria arregalou os olhos, olhou para o José e exclamou “se calhar, o melhor é não irmos votar no domingo, não vá lá estar um zombie escondido para nos morder…”
PS: No domingo vacine-se, vá votar!
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.