Temos visto por estes dias a extensão do que é a "máfia no bom sentido" que, perante a aflição, decidiu queimar os cartuchos por terem regalias e estatutos em perigo. Curiosamente Futebol e Igreja andaram de mãos dadas, parece a velha senhora. A última semana foi fértil em revelações. Vejo a JPP a remar contra toda esta inércia de dependentes. Hoje, o deputado Élvio Sousa avançou um pouco mais no gás e ainda não sabemos se isto foi o culminar ou se há mais. Pagamos mais caro o gás porque é de novo uma negociata dos donos disto tudo, que fazem calar Governo e Comunicação Social.
Os donos da Comunicação Social são os donos do gás:
Luís Miguel Sousa, Avelino Farinha e Jaime Ramos.
S ó o JPP levanta a lebre sobre a verdadeira razão do gás na Madeira ser, em média, 10€ mais caro do que nos Açores. A retórica governativa de que o mercado é livre choca com os mais de 10 euros que os madeirenses e porto-santenses têm de pagar pela botija de gás. Então a liberalização e concorrência não trazem preços competitivos? Não! O problema está na mesma origem do gás.
A CLCM, Companhia Logística de Combustíveis da Madeira, concentra nas instalações do Caniçal na Zona Franca, os combustíveis que são consumidos na Região, nomeadamente gasolina, diesel e gás doméstico e industrial. Este serviço de armazenagem e enchimento de garrafas de gás rendeu mais de 9 milhões de euros no ano de 2023.
Os madeirenses pagam em média mais 10 euros do que os açorianos por uma garrafa de gás butano. Porquê? Se os Açores estão mais longe do território continental?
Como tudo o que mexe na Madeira, por detrás de um serviço estão sempre os mesmos a fornecê-lo, desde que bem “salgadinho”. Não é diferente no caso da CLCM. Vendo ali uma oportunidade e porque mandam no governo, logo se prontificaram a fornecer o serviço.
O capital social da CLCM, para além do gigante Galp que lucrou 337 milhões no primeiro trimestre de 2024, com 75%, tem na sua composição a Empresa de Eletricidade da Madeira com 10%, a Procomlog – Combustíveis e Logística Lda com 10% e a Atlantic Island Electricity S.A. (AIE), com 5%.
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Porque é que são importantes estas empresas? Porque elas encerram a “coleção de cromos” das forças económicas que manipulam a economia regional. Desde logo a EEM, monopolista natural no fornecimento de eletricidade e um íman de atração para uma miríade de empresas que gravitam à sua volta, como seja a do dono da pipeline virtual de abastecimento de gás natural liquefeito à EEM, de seu nome Gaslink do empresário Luís Miguel Sousa. Uma valente mama de mais de 8 milhões ao ano.
Na Procomlog, temos além do dono dos portos, o dono das obras regionais o milionário Avelino Farinha e o vendedor de sanitas, o homem dos 10% de tudo o que mexe, o discreto, mas não menos mamão, Jaime Ramos.
Finalmente e não menos importante a AIE, onde surgem novamente os nomes de Luís Miguel Sousa e Avelino Farinha da AFA. Junte-se a isto a Presidência do Conselho de Administração da CLCM na pessoa de Luís Miguel de Sousa e está explicado porque uma garrafa de gás custa em média mais 10 euros que nos Açores. Com jeito ainda aparece na equação, o antigo concessionário da SDM, o Grupo Pestana. Esse é mais ventanias, parques eólicos…
Segundo dados da Direção Regional de Estatística, até ao 3º trimestre de 2023, os madeirenses consumiram mais de 295 mil garrafas de gás butano. Se multiplicarmos esta quantidade por 10,55€ (diferença entre Madeira e Açores na aquisição de uma garrafa de gás), temos uma verba no valor aproximado de 3,11 milhões de euros. É isto quanto custa aos madeirenses o gás para cozinhar ou tomar banho, relativamente aos distantes açorianos.
O Governo Regional diz que gasta 1 milhão de euros ao ano para o gás solidário. Tendo em conta que o subsídio são 20€ por garrafa, temos 50 mil garrafas subsidiadas. Dividindo por 12 meses, temos 4 mil garrafas/mês. Segundo dados da Secretaria Regional dos Equipamentos e Infraestruturas (SREI), presentemente estão a ser apoiadas 2600 de um universo potencial de 20 mil famílias com tarifa social da EEM. Por falta de informação, ou outra razão, a verdade é que o Gás Solidário RAM chega a apenas 13% dos potenciais abrangidos. E ainda assim, esta medida sai do bolso cada vez mais apertado dos madeirenses. Nos Açores não há gás solidário, todos os açorianos pagam 18,60€ pela garrafa que aqui custa, à data, 28,85€.
Porque razão não inclui o gás na Portaria dos Preços Máximos dos Combustíveis como está em vigor nos Açores e da qual beneficiam todos os açorianos?
Será assim um segredo tão bem guardado? Não, estas estruturas societárias que tudo determinam, são de domínio público. Porque é que só JPP é que mexe neste assunto? Onde está a Comunicação Social desta Região para investigar estes favorecimentos? Dúvidas por esclarecer, um silêncio ensurdecedor que faz mirrar a carteira dos madeirenses e porto-santenses, alimentada ultimamente por uma narrativa de caos e destruição se não for aprovado o Programa de Governo.
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