O presente texto é de reflexão, para que todos percebamos o que se passa com o nosso dinheiro. Todo o trabalhador por conta de outrem, não recebe o salário completo.
C onvém que perceba que o estado nos tira parte do rendimento do nosso trabalho, todos os meses de acordo com as tabelas de retenção na fonte. Com esse dinheiro que é de todos nós, tomará medidas para todos nós. Se calhar, se recebêssemos o salário por completo e pagássemos ativamente o imposto mensalmente, teríamos a noção de quanto nos custa essa contribuição e talvez fossemos mais exigentes com o destino que é dado ao nosso dinheiro. Convém que olhemos para a nossa folha de vencimento, e não apenas para o valor líquido.
Convém que se perceba também que descontamos para a segurança social ou outro subsistema (para as reformas, subsídios). Logo, o nosso salário líquido ainda é mais reduzido, com “perdas pelo caminho”.
Convém que se perceba que os impostos não acabam aqui. Pagamos IVA de todos os bens e serviços que adquirimos. Que varia entre 5 e 23%.
Convém que percebamos que ainda há mais impostos a pagar: Imposto Único de Circulação dos nossos carros (dos quais, na compra de carro novo se pagou ISV, para além do IVA) e IMI da nossa casa (que na aquisição pagou IMT, registos). Acrescem os seguros (com IVA). Que quer o carro, quer a casa têm manutenções que voltam a pagar IVA.
Convém perceber que o estado também nos dá umas benesses que se chamam deduções específicas e deduções à coleta para que, na altura do reembolso do IRS, achemos que estamos a “receber IRS”, que não é mais que a devolução dos impostos antecipadamente pagos a mais. Contudo, para que o dinheiro com que ficamos a menos porque o pagamos a mais (o tal que nos foi retido na fonte) nos seja devolvido, temos que, ativamente, durante o ano, controlar gastos, pedir facturas, validar no efactura, confirmar se estão certas… e ainda preencher a declaração de IRS, que se estiver em nosso prejuízo o estado não nos avisa, mas que se estiver em nosso benefício, somos chamados a rectificar com coimas.
Convém que saibamos que a idade da reforma voltou a aumentar 3 meses, para 66 anos e 7 meses.
Convém que percebamos que a expectativa de reformar ainda com alguma qualidade de vida e com uma reforma aceitável, só acontecerá para quem se reformar em breve e que a realidade para estes nem foi a que eles esperavam.
Convém dizer que as pessoas ainda não perceberam que a segurança social será insustentável e que os valores da reforma reduzem à medida que os anos passam. Já não há boas reformas para o trabalhador comum, que se reformará cada vez mais velho.
Convém que percebamos que os jovens portugueses, que deveriam trabalhar e rentabilizar o nosso país, emigram e são a força motriz de outros países, onde descontam impostos. Dito isto, convém percebermos onde é gasto o nosso dinheiro. E se concordamos com as medidas do estado.
Convém que percebamos se queremos tanto estado e se o estado tem sido pessoa de bem e se tem gerido bem para todos ou muito bem só para alguns.
Convém que percebamos que o sistema de saúde português, quando foi criado, foi para ser universal e tendencialmente gratuito, mas que, cada vez mais, por insegurança, as pessoas e famílias optam por seguros (seguro este além do pagamento obrigatório para o “normal” acesso à saúde), aumentando as suas despesas. Se calhar o modelo não está adequado aos nossos dias e seria precisa coragem política para repensar o sistema: melhorar o existente ou mudar e estabelecer um seguro obrigatório (que possa ser mediado pelo estado, pela entidade patronal ou pelo próprio indivíduo).
Convém que percebamos que os subsídios atribuídos sem retorno e sem contrapartida (que todos sabemos ser verdade), são criadores de vícios, e que quando o valor recebido é comparável a um salário mínimo, empurram as pessoas para a escolha do subsídio. Subsídio esse pago pelos trabalhadores. Todos podem precisar mas a atribuição tem que ser mais adequada, ajustada e com verdadeira mudança para as famílias, nomeadamente estimulando a procura de trabalho, para autonomizar as famílias e torná-las independentes.
Convém que percebamos que temos idosos pobres e sem condições, pois no tempo que eram jovens não tiveram formação nem cultura para fazer diferente, e esses sim, precisam de apoio e ajuda.
Convém dizer que a habitação é um direito, mas simultaneamente, um bem de luxo. Mas também convém dizer que o estado não pode usar o património suado dos privados para fazer “obra pública”, quando tem imóveis em mau estado de conservação, fechados e devolutos e quando não dá o exemplo, reabilitando esse património para cumprir parte da sua missão.
Convém dizer que a economia paralela é fomentada por este peso excessivo do estado, e que o português, como desenrascado que é, encontra formas de ter dinheiro invisível no bolso.
Convém dizer que a insegurança aumenta, pois, para além de haver um aumento de consumo de álcool e de drogas, as regras permitem que essas drogas circulem livremente.
Convém dizer que não há forças de segurança em número suficiente e que as suas condições de trabalho são igualmente insuficientes, não são protegidos para poder cumprir a sua função e os seus salários são igualmente baixos.
Convém dizer que já há leis para combater a corrupção e outras ilegalidades, mas que os poderosos que corrompem e são corrompidos têm toda uma rede que permite que as sentenças nunca aconteçam...
... e casos mais recentes, por exemplo o da Madeira em janeiro de 2024).
Convém lembrar que as pessoas não têm conhecimento sobre finanças pessoais para uma melhor qualidade de vida, nomeadamente sobre gestão dos seus salários, sobre o IRS e de como optimizar os impostos a pagar e sobre como se autonomizar para ser menos dependente do estado.
Mas que também não há interesse político na educação da população.
Convém dizer que se estas coisas vos fazem refletir, exerçam o vosso direito de voto e de exigência de direitos. E acima de tudo, não se pode querer mudança, se se continua a fazer o mesmo…
As últimas eleições da RAM
Em que pouco mais de metade exerceu o seu direito de voto tendo elegido 19 deputados do PSD, 11 do PS, 9 do JPP, 4 do CHEGA, 2 do CDS, 1 do IL, 1 do PAN.
De onde resultou mais uma vez o mesmo governo, com as mesmas soluções para todos os problemas e com benefício dos mesmos.
Mas agora vemos os governantes a falar “de rijo”, menos de 1 semana depois de falinhas mansas e as mesmas promessas de sempre.
Com a boca cheia, chamam os que não concordam com esta gestão ruinosa, de “anormais, incompetentes e canalhas”, sendo que quem já não tem lugar nesta terra sois vós, governantes com limitada noção da vossa missão de dever ao povo.
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