E stes dias têm sido trágicos, com relatos aflitivos de quem vê os seus bens ameaçados pelas chamas, pessoas e animais evacuados, vemos carros de bombeiros de um lado para o outro, e um rasto de destruição que fica após o fogo passar sem grande resistência.
Não faltam críticas da população à gestão do incêndio, são frequentes as lamúrias e até a indignação por tudo o que tem ocorrido.
Uma vez que sou um leigo na matéria, tentei informar-me sobre quem é que toma decisões de gestão de um incêndio (quem aciona os meios necessários, desde o número de bombeiros, número de carros, quem toma decisões operacionais), e apercebi-me que em grandes incêndios são os elementos dos quadros de Comando que “mandam” nos incêndios (e não os políticos).
Fiquei curioso, e através de uma pesquisas e alguns telefonemas cheguei a conclusão que não é difícil ser elemento de Comando de um Corpo de Bombeiros, desde que o Corpo de Bombeiros seja detido por uma Associação Humanitária (retiro desta exposição, os elementos de Comando dos Corpos de Bombeiros Sapadores e Municipais, cujo provimento é feito através de concurso externo).
Para ser elemento de uma estrutura de Comando de uma Associação Humanitária de Bombeiros, basta ser bombeiro (isto é, basta ingressar num corpo de bombeiros como voluntário) e ter a escolaridade mínima obrigatória, e fazer um curso de Comando na Escola Nacional de Bombeiros (cujo acesso também não precedido de concurso). Ora, além destes, não são publicamente conhecidos outros requisitos subjetivos e objetivos para a nomeação desses elementos levados a cabo pelas Associações Humanitárias.
Pode e deve o leitor questionar-se se não é necessária uma formação superior, designadamente (e no mínimo) uma Licenciatura com relevância na área da proteção e socorro. Pois bem, apurei que tal não exigido, e que inclusive existem elementos de Comando apenas com o 12.º ano! Leu bem… Apenas o 12.º ano!
Fique sabendo que sempre que é nomeado um novo elemento de Comando nesses Corpos de Bombeiros, há sempre quem coloque em causa a qualidade e perfil desse elemento (muitas vezes de forma injusta). Ou seja, por vezes cria-se problemas de liderança porque os subordinados não reconhecem autoridade a quem toma decisões (nas Associações Humanitárias de Bombeiros da RAM não são raros os conflitos entre Bombeiros e os seus colegas do quadro de Comando).
Numa altura em que se fala sobre um novo modelo de financiamento das Associações Humanitárias de Bombeiros da RAM, que dará a todos os bombeiros um aumento substancial no seu vencimento (onde se inclui os elementos de Comando), não faz sentido continuar sem exigir uma maior qualificação dos elementos de Comando dos Corpos de Bombeiros!
Deve assim, o Governo Regional exigir às Associações Humanitárias que os elementos de Comando devem ser recrutados através de Concurso Externo com publicação em Diário da República (aberto inclusive aos bombeiros do Continente e dos Açores), cujo requisito mínimo é ser detentor de grau académico de licenciatura (sendo obviamente valorizada formação de grau académico superior), à semelhança do que ocorre com os concursos para elementos de Comando dos Corpos de Bombeiros Sapadores.
Os elementos de Comando que ainda estão em comissão de serviço, devem ser informados que podem cumprir a mesma até ao fim, mas que esta não se renovará, a não ser que fiquem ordenados em primeiro lugar no concurso externo que acima abordei.
De certeza que tal proposta merecerá acolhimento de todos, inclusive do povo (não criticará de forma “fácil” as decisões operacionais), dos próprios elementos de comando em funções (certamente não têm problema em se submeter a um concurso externo e transparente), e ao próprio Governo (que vê o dinheiro dos contribuintes bem empregue, e ficará descansado a qualidade de quem as toma, uma vez que no concurso é garantido que ficam os melhores).
Por fim, nada se dirá sobre a qualidade técnica das decisões tomadas (uma vez que não percebo nada disto – isso deixo para os especialistas nacionais que têm comentado as decisões operacionais), apenas com isto se retira uma suspeição (injusta) sobre quem toma essas decisões.
Vamos a Concurso?
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 18 de Agosto de 2024
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