P arece que passou a ser "tradição" os presidentes do governo regional serem vaiados no Estádio dos Barreiros. Ontem sucedeu com Miguel Albuquerque, quando o "speaker" anunciou a sua ida ao relvado para entregar aos jogadores as medalhas comemorativas de presença no "reactivado" Torneio Autonomia.
A foto que junto em anexo foi por mim tirada momentos antes da ida das entidades ditas oficiais ao relvado.
Algumas diferenças em relação à forte vaia a Alberto João Jardim: Albuquerque mereceu "dose dupla", quando, no final do jogo, foi entregar o troféu aos jogadores do clube vencedor, o Clube Desportivo Nacional, tendo sido novamente assobiado.
Estas vaias foram os momentos em que muitos adeptos do CD Nacional e CS Marítimo estiveram de acordo, a ponto do "speaker" ter colocado de imediato música (das marchas militares de John Philip Sousa) para "abafar" o desagrado popular. Ao ponto de, estrategicamente, ter de pedir silêncio para ouvir-se o hino da Região.
A segunda diferença em relação a Jardim chama-se... comunicação social, que, segundo apurei, censurou esta notícia (é uma verdadeira notícia: a expressão espontânea, acto contínuo, do desagrado popular, assim que se ouviu o nome de Albuquerque).
Este acto objectivo de (auto e hetero) condicionamento da comunicação social é um sinal de sobremaneira preocupante; para mim, muito mais grave do que as acusações antigas de «défice democrático». Nessa altura o DN do Senhor Richard Francis Blandy (que conheci pessoalmente em dois contextos) não se calava nem mandava ninguém calar-se. Ao ponto de Alberto João Jardim ter um dia dito que "vou expropriar os Blandy!".
Como antigo repórter desportivo do DN Madeira, na minha adolescência, entre 1986 e 1989, lamento o estado a que se chegou, mas nada disto me espanta, uma vez que, por experiência própria, em 2019, enquanto cabeça de lista às Legislativas Nacionais por um pequeno partido, o DN Madeira apenas deu destaque a 3 acções de campanha, em quinze dias de actividade eleitoral.
Sendo órgãos de comunicação que recebem dinheiro de subvenções ou subsídios públicos, televisão , rádios e jornais (mesmo privados) devem respeitar os princípios da igualdade e da não discriminação, nos termos do art.º 13.º da Constituição (a qual sobrepõe-se, objectivamente, a qualquer acto eleitoral). Fica o conselho para os partidos que se achem prejudicados com a discriminação a que são sujeitos, tal como sei que acontece com o JPP e com o ADN.
Falando com a propriedade de quem já deu a cara em campanha eleitoral (coisa que muitos que falam em nome do povo jamais tiveram a oportunidade de assumirem-se como cabeças-de-lista do que quer que fosse, excepto, talvez, nas jotinhas partidárias ou associações de estudantes... e que fizeram da política a sua actividade de vida profissional e de trampolim empresarial), lamento que ainda não tenha sido realizado um conjunto de debates sobre o "Estado Geracional da Região", de modo a saber o que pretende este governo de expressão minoritária (seja perante o parlamento seja perante quem foi às urnas votar).
Este governo, aparentemente, gere o dia-a-dia sustentado em gabinetes de comunicação, e imagem e de marketing político; ninguém sabe quais as políticas pretendidas (excepto a do betão e a dos atentados ambientais) em prol não só das gerações vindouras mas também das gerações que, no espaço temporal de uma década, irão reformar-se.
Desconhece-se que esforço está a ser feito (se é que há algum) para a recuperação do ordenamento territorial (o tal "problema" do Turismo, segundo palavras de Eduardo Jesus, que parece o novo Secretário Regional do Alojamento Local) e ambiental. Assim como para a diminuição da criminalidade; do tipo de turismo que não interessa ter; e que tipo de apoio mais eficiente é possível dar a (no mínimo) 3 categorias distintas de sem-abrigo, pois todos são tratados pela mesma "chapa 4". Etc, etc.
Por exemplo, não se sabe o que tem sido feito para fiscalizar o trabalho (escravo) na Região de trabalhadores estrangeiros (do meu conhecimento pessoal e directo, alguns com 66 horas de trabalho semanais, 11 horas de trabalho diárias e ininterruptas e apenas 1 dia de folga; e ainda sem sequer terem gozado férias referentes a anos anteriores e muito menos recebido subsídios de Natal e os rendimentos devidos dessas próprias férias ainda por gozar. Estão em território português, deveria ser fácil aplicar-se a Lei do Trabalho para todos. É que não basta pedir documentos, é necessário passar 12 horas no mesmo lugar a investigar discretamente e não a anunciar antecipadamente a ida aos locais de trabalho para dar tempo a "maquilhar" uma aparência de regularidade. Assim como não são controlados descontos por fazer à Segurança Social. Que tipo de eventual conivência há com estes empresários estrangeiros? Há receio de conflitos diplomáticos? Responda quem souber.
Em 2019 desafiei o cabeça-de-lista "postiço" do PSD para um debate eleitoral (Albuquerque apareceu em todos os cartazes eleitorais "derramados" pela ilha quando o, realmente, eleito foi Sérgio Marques... e que ficou calado o tempo todo, "escondendo-se" como número 2; os "renovadinhos" parece que têm muito jeito para brincar às escondidas... digo isto "sem malícia"), onde questões como estas teriam sido colocadas. O silêncio foi a resposta, tal como creio que o mesmo sucederá agora, pois é muito bom ser "corajoso" com os microfones apontados à frente por gente "alegadamente" instruída para não fazer perguntas difíceis.
Tal como muita gente, faço parte de 4 gerações de madeirenses "queimados" por uma governação de quase 5 décadas que impediu o desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental da maioria da população. Daqueles que, quando pretendem intervir em prol de todos (e não apenas das castas caducas de oligarcas e patos bravos), vêem cortadas todas as oportunidades para fazer chegar a sua mensagem à maioria da população.
Uns conformam-se, outros calam-se (com receio de perder o pouco que ainda têm), outros resignam-se (por terem perdido a esperança num futuro melhor para todos). Ainda não é o meu caso. Não gostando particularmente de Manuel Alegre (pelo seu alegado papel na questão do general Humberto Delgado, denunciado nos 2 volumes do Livro "Acuso"), cito uma expressão feliz do mesmo: "há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!"
As pessoas que (dizem que) nos governam (ainda está para ver e chegar o dia...) pensam que sem elas é o caos, mas há mais vida para lá de Albuquerque, assim como existem outros estilos de liderança que contagiam pelo trabalho, pelo exemplo, pela dedicação, pela transparência e não pelo "faz-que-anda-mas-não-anda". Tal como a capa do Correio da Madeira, todos (ou a maioria, até a eleitoral) sabem que "o rei vai nu" mas ainda ninguém teve a coragem daquele miúdo que fez toda a gente rir-se do rei. Todavia nada é eterno...
Para que o leitor tenha uma visão ainda mais completa e tenha a noção de que o que me move nesta escrita nada tem de pessoal (é dirigido a políticos e não às pessoas dos mesmo), quero lembrar (para quem se esqueceu, ou referir para quem não saiba, ou ainda para quem nunca tenha sabido) que, imediatamente antes da 1.ª edição do Festival de Jazz do Funchal (ainda havia escudos e não euros, que vieram retirar ainda mais poder de compra), escrevi um artigo, publicado nas cartas de leitor do Diário de Notícias, a elogiar a atitude de Miguel Albuquerque em patrocinar esse evento musical, no sentido de difundir outro tipo de expressão cultural à população funchalense (sobretudo, pois o dito cujo era na altura o presidente da Autarquia), "abrindo" assim uma perspectiva diferenciada na lógica segundo a qual na vida não há caminhos únicos e que, mesmo quando se chegue a um beco sem saída, há sempre forma de voltar atrás.
Tenho que, reconhecidamente, lhe dar crédito por isso. Sem essa medida, por exemplo, uma das lendas do jazz clássico (o contrabaixista Ray Brown, jamais teria estado na Madeira, a qual, passou, assim, a ser referência obrigatória para quem, pelo Mundo, estuda e publica, em várias línguas, biografias sobre este músico, que acompanhou, por exemplo, Ella Fitzgerald (com quem chegou a casar) e um dos famosos e virtuosos pianistas de nome Oscar Peterson. Este é um dos tipos de (verdadeira) promoção (continuada e gratuita) da Madeira que fazem falta e não aquela promoção para "turismo a granel", salvo melhor opinião (mas esta que venha a terreiro e não se esconda em gabinetes).
Todavia, por uma questão de justiça interior e de transparência do meu sentir e pensar, não posso calar um sentimento de profundo desagrado por ter um chefe de governo a contas com a Justiça (uma acusação de crimes, entre outros, contra o Estado de Direito é, pelo menos para mim, algo inadmissível de tolerar; eu não posso aceitar ser governado por alguém que, nem que seja a título moral ou ético, como diz o povo, "não se toca nem se manca"; as resoluções do conselho de governo para mim estão "feridas de nulidade" por falta de legitimidade ética e moral, ou seja: para mim são inexistentes e anuláveis a todo o tempo); incomoda-me particularmente ter alguém que parece não se importar com (volto a referir) todos os madeirenses; por ver alguém que, por omissão, não arrepiou caminho em prol de um desenvolvimento económico sustentado e justo e que mitigue a necessidade de uma subsídio dependência do Estado Português e de Bruxelas (assim como a da subsídio dependência interna, em especial a dos "rendeiros" das negociatas com o orçamento regional).
Muy justamente, o lema do PSD era "paz, pão, povo e liberdade", Graças à Autonomia e ao primeiro período de intervenção de Alberto João Jardim (antes de se deixar "condicionar" pelos ditos e alegados oligarcas), as necessidades básicas da maior parte da população (água potável, luz e saneamento básico e vias de comunicação mais adequadas) foram satisfeitas; mas o "up-grade" de desenvolvimento ficou por fazer. É que, estando ainda muitos no limiar da pobreza, não poderá haver paz (muito menos interior) sem pão (quando até deveríamos ter passado do pão para o lombo, excepto par os vegans e para a Isabel Jonet); pelo contrário, deixou de haver liberdade de expressão quando a comunicação social está controlada por grupos económicos, por sinal, os mesmos que alegadamente dominam os principais partidos (e seus emergentes/reagentes: uns vão para provedores e outros parece que gostam de masturbações junto a uma árvore de Natal) políticos.
E que tipo de desenvolvimento proponho? Poderá o leitor, interessado na mensagem e não no autor da mesma, perguntar. Olhe, peça ao Albuquerque para ter a coragem de fazer um debate com pessoas que não sejam "cirurgicamente" escolhidas, num "teatro" combinado que tenta evitar "incómodos" àqueles que (sendo nossos assalariados, mas que se portam como nossos patrões) devem ser, permanentemente, escrutinados. Em vez de terem lacaios (pagos com o nosso dinheiro) a escrutinar, à socapa, aquilo que é escrito nas redes sociais e em espaço de liberdade como o que o Correio da Madeira tem representado e que, com gratidão, saúdo.
Quando houver um debate verdadeiramente livre, sairei do recato do meu lar e da pacatez da minha vida actual (sem prejuízo de estar muito atento ao que se passa por cá) e terei todo o gosto em partilhar as minhas ideias, algo que, na Madeira, é, até nos dias de hoje, considerado uma ousadia para a "casta" dominante. Ou heresia, para o clero de "cerejeiras" agregado àquela. A única massa cinzenta admitida parece que é a das obras. Caso para dizer: querem fazer-nos passar todos por "trolhas"...
Afinal, terminando como comecei, parece que, ao ganhar a Taça contra tudo e contra todos, foi o CD Nacional o (clube) único... a "recuperar" a Autonomia (no regresso a uma casa que foi do meu Clube (e de 5 gerações da minha família) e que ainda está por explicar a razão de a termos perdido, quando a condição absoluta de cedência à Região foi, apenas e só, para benefício de todos os clubes, não, como agora, para o "clube do regime").
Isto porque, na minha percepção, tão válida como a de qualquer outro, não poderá haver verdadeira autonomia com a "mão estendida" para Lisboa e as "coxas abertas" para Bruxelas; muito quando se é conivente ou "cúmplice" de grupos empresariais de perfil monopolista que, salvo o devido respeito, "se abocanham da picanha orçamental", deixando os restos e migalhas (do tal pão da cantiga laranja) para o povo. E sem tabelamento de preços de produtos essenciais que se justifica numa região ultraperiférica, sem condições para uma livre concorrência na plenitude e muito menos com monopólios de facto e de direito que nos fazem sentir prisioneiros (ou reféns) na nossa própria ilha.
Por fim, a propósito do Rally Vinho Madeira, foi interessante ver o tapete de alcatrão novo na Rua de São João, desde a estátua da lenda nua, perdão, da professora "avantajada" por Francisco Simões, até à rotunda dos bombeiros. Mas quem circula pela cidade do Funchal sabe que, de há anos, as estradas não têm tido a devida manutenção, apenas remendos face aos sucessivos buracos criados com a desenfreada construção de novos prédios (para os quais nem há a obrigatoriedade de se plantarem árvores... assim se contribuindo para a substituição do verde pelo cinzento... e depois queixam-se das alterações climáticas...). Espero que não seja (mais uma) estratégia "concertada" (ou "consertada", atenta a temática) com as oficinas de manutenção automóvel. Nos dias de hoje já nada será de estranhar.
Tal como acima referi, esta é (parte d)a minha visão/percepção sobre a actualidade política regional e que nada tem a ver com a pessoa em si das personagens públicas acima indicadas, apenas e só visadas pela respectiva acção (ou inacção) política, susceptível de apreciação e escrutínio (impossível de se fazer nos meios de comunicação, actualmente "intoxicação" e propaganda, locais, já que essas personagens públicas são pagas, também (mesmo numa ínfima parcela... pois não sou oligarca) com o dinheiro dos meus impostos. Mas se, porventura, entender o contrário, utilizo a expressão/título do blogue do jornalista, escritor e investigador Frederico Duarte Carvalho, dizendo: "para mim tanto faz".
entre outras coisas, sócio do CD Nacional.
P.S. Quero saudar, a propósito e sinceramente, o CS Marítimo, pois, na primeira vez em que os sócios e adeptos do CD Nacional puderam ficar fora do "galinheiro" destinado aos visitantes, foi possível verificar o "aviso amarelo" nos sanitários (que não pude deixar de fotografar) para que as pessoas, no final das suas necessidade, lavem as mãos. É uma atitude pedagógica de louvar e sublinhar. Na certeza de que, no Estádio da Madeira, não existe esse aviso, nem há necessidade, quanto a mim, que o mesmo seja colocado. Na boa linha do nosso lema "não há gente como a gente"... Compreende-se que assim seja, pois, regra geral, jamais a quantidade foi sinónimo de qualidade.
Ao contrário do Sr. Carlos Pereira e do Dr. Rui Fontes (que veio com a conversa do Clube Único quando o CD Nacional desceu há 4 anos; ... parece que foi alvo de "justiça poética"...) eu acho saudável a rivalidade desportiva, mais que centenária, entre Nacional e Marítimo. O resultado das sucessivas injustiças tem levado a uns desejarem o mal dos outros (em especial numa terra de invejosos "superiores"). Desejando, não obstante, ao rival felicidades desportivas de acordo com os objectivos traçados (pois a Madeira, com duas equipas na primeira Liga, torna-se uma potência regional e potencialmente determinante na decisão do título nacional: seriam 36 pontos que os "grandes" teriam de se esforçar por não perder), espero que este tempo de "licença sabática" na segunda divisão possa potenciar uma atitude de maior e melhor humildade, pessoal e colectiva, receita da qual também carecem muitos dos que estão nos cargos governativos.
Uma pergunta absolutamente desconcertante: agora que parece que está tudo bem com o felino da senhora "show-off", que fim levou o gaiado pescado a mais nas Selvagens? Os será os arraiais de Verão (pão e circo romano) já fizeram esquecer esta temática?
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 5 de Agosto de 2024
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