M edeiros Gaspar, o Diretor Regional da Cultura, tentava deslizar como uma sombra pelas redondezas do Tribunal, como quem não quer ser notado. Mas os seus olhos, fixos nos detidos da operação "AB INITIO", revelavam uma curiosidade que nem o mais discreto dos olhares conseguia esconder. Os algemados saíam um a um, e a cada passo, o som das correntes parecia sussurrar nas pedras da calçada: "O próximo a pisar este palco talvez seja... Medeiros."
"Quem diria, a cultura do suspense está no ar", pensou ele, tentando não parecer nervoso. Como qualquer bom diretor, sabia que o espetáculo da Justiça não falta com os seus protagonistas. E quem sabe, em breve, a sua estreia fosse aplaudida – de pé, ou talvez de algemas!
Enquanto as portas do tribunal fechavam-se atrás dos detidos, o vento parecia cantar uma melodia sutil, quase como a trilha sonora de um destino já traçado. Medeiros, com o seu andar cauteloso, perguntou-se em silêncio: "Será que as algemas combinam com o meu estilo?" Afinal, se ele fosse mesmo o próximo a entrar em cena, certamente iria fazê-lo com um toque artístico. "A cultura tem os seus altos e baixos", poderia justificar-se mais tarde, "mas parece que agora eu vou protagonizar o próximo ato!"
Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024
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