Bananicultura IX: GesBa, uma história de milhões a arder.

Para melhorar a criação de valor, a gestão da GesBa tem, pelo menos, de: 

  1. recentrar a sua atividade exclusivamente na recolha/transporte, certificação, classificação, embalamento, distribuição e comércio;
  2. gerir os recursos humanos de modo eficiente;
  3. simplificar a cadeia de valor atual, efetuando entrega de banana diretamente ao vendedor final. O resto virá por arrasto.

Em relação aos pontos 1 e 2, não é por demais insistir que o centro do Lugar de Baixo, monocarris, excesso de funcionários, etc. devem voltar para a secretaria 8 (link), pois constituem uma autêntica “money consuming machine”.

Para que não restem dúvidas sobre o excessivo número (nº) de funcionários, basta utilizar dados da própria GesBa. Assim, no relatório 13/2016 do Tribunal de Contas (link), na pág. 10 - quadro nº 2, temos que, em 2014, o nº de trabalhadores era de 186; na pág. 17 - quadro nº 4, a quantidade de banana paga nesse ano foi de 18.153 toneladas (t), o que perfaz uma relação de 1 trabalhador para 97,5 t. Em 2023, dizem os dados oficiais da GesBa (link) que tem 320 funcionários e que nesse ano foram pagos aos produtores 25.207 t, o que perfaz 1 trabalhador por 79 t, isto é, por comparação com 2014, tem 63 funcionários a mais. 

Coloca-se então a questão de saber o que terá acontecido entre 2014 e 2024, suscetível de influenciar o nº de funcionários: 

  1. entrada em funcionamento de 2 armazéns mecanizados que reduziram substancialmente o trabalho braçal;
  2. transferência do centro do Lugar de Baixo e monocarris da Secretaria da Agricultura para a GesBa;
  3. entrada em funcionamento da certificação (global G.A.P.).
  4. aumento de 0,10 €/Kg para 0,15 €/Kg e, depois, 0,20 €/Kg, para quem entrega a banana no armazém.
  5. aumento nos intervalos de corte da banana.

Destes, apenas a certificação justificaria a contratação de um pequeno nº de técnicos pois, o nº de produtores certificados é de cerca de um terço do total. 

A transferência do centro do Lugar de Baixo da Secretaria da Agricultura para a GesBa aumentou substancialmente o nº de funcionários.  A Secretaria da Agricultura liberta-se desses encargos que passam a ser pagos pelos produtores, pois cerca de 98% das receitas da GesBa resultam da venda de banana!

O custo com o excesso de funcionários, manutenção e funcionamento do Lugar de Baixo desde 2017, data da sua transferência para a GesBa, estará entre 12 e 15 milhões de euros (M€)! E, neste valor, não estão incluídos os mais de 5 M€ gastos nas edificações, entretanto lá erguidas. Tudo isto sem qualquer compensação aos produtores, uma utilização abusiva (ilegal?) do dinheiro da venda da sua banana. Lembro que o valor anual médio pago pela GesBa aos produtores ao longo dos últimos 6 anos ronda os 8 M€

Os pontos 4 e 5 levaram a que o nº de produtores a entregar a banana diretamente nos armazéns aumentasse substancialmente, o que deveria reduzir as necessidades da GesBa em mão de obra para a recolha e transporte da banana. Do mesmo modo, o ponto nº 1 permitiu diminuir substancialmente o trabalho braçal. Mas, o nº total de funcionários não só não diminuiu como aumentou! 

Tudo isto só é possível porque a GesBa opera em regime de monopsónio, sem respeito pelas recomendações da Autoridade da Concorrência:

O ponto nº 3: simplificar a cadeia de valor, será abordado no bananicultura X. Estou convicto de que é possível efetuar a entrega direta da banana ao vendedor final, quer na Madeira, quer no continente, o que irá aumentar a geração de valor entre 10 e 13 M€/ano, o que permitirá quase que duplicar o valor que atualmente é pago aos produtores (link)!

É muito dinheiro para ser ignorado!

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado
, 23 de Novembro de 2024
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