A ideia da Europa ter suas próprias redes sociais tem ganho força nos debates sobre soberania digital, privacidade e economia digital. Percebemos que esta forma de nos ligarmos está a ser manipulada por governos estrangeiros para ter influência e se intrometer em assuntos interno. Estamos a passar um mau bocado por essa distração. Eis umas quantas ideias, ou melhor, argumentos, para a Europa ter as suas redes sociais convenientemente enquadradas em legislação europeia.
A Soberania Digital e Independência Tecnológica
Temos de reduzir a dependência de gigantes externos: atualmente, a maior parte das redes sociais globais são controladas por empresas dos Estados Unidos (Meta, Twitter, etc.) ou, em menor escala, da China (TikTok). Isso cria uma dependência que pode limitar a capacidade da Europa em proteger seus interesses digitais e os dados dos seus cidadãos. O controlo sobre a infraestrutura e dados, redes sociais locais, garantiriam que os dados dos cidadãos europeus permanecessem dentro do bloco, sob as regras do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), fortalecendo a soberania digital.
Lembro que para além das redes sociais, o Governo Português da altura deu os nossos dados pessoais aos Estados Unidos para que facilitassem a entrada de portugueses nos EUA. Não vi diferença, é preciso os mesmos papéis na mesma, mas os dados lá ficaram.
Privacidade e Proteção de Dados
O cumprimento das Normas Europeias: as redes sociais projetadas e com sede na Europa poderiam ser desde o início respeitadoras das rígidas leis de privacidade do GDPR, diferentemente das plataformas estrangeiras que enfrentam multas ou resistem a adaptações. Lembro toda a série de jogadas que fazem para nos obrigarem a dar cada vez mais dados para proteger a conta. Desta forma, também se evitavam os Abusos de Dados, os escândalos como da Cambridge Analytica mostraram como redes externas podem usar os dados de cidadãos para manipulação política ou comercial. As redes europeias poderiam ter maior transparência no uso de dados.
Defesa da Democracia
Num momento de ditadores e agitadores, é importante o combate à desinformação que nos levem pelos caminhos que eles querem. Plataformas como o Facebook e o Twitter têm sido criticadas pela ineficácia no combate às notícias falsas e discursos de ódio, e agora ainda lavam mais as mãos colocando o trabalho nos membros que decidam acusar. Que bom, o novo presidente dos EUA deve gostar da ideia para difundir o chorrilho de mentiras. As redes europeias poderiam priorizar a moderação com base nos valores democráticos europeus, por sua vez, evitavam a interferência externa que estamos a ver neste momento em eleições que estão à porta. As redes reguladas internamente reduziriam o risco de manipulação política vinda de países de fora da União Europeia.
Impulso à Economia Digital Europeia
Estímulo à inovação a redes sociais próprias incentivariam a criação de tecnologia e startups europeias, fortalecendo o setor digital e criando empregos no nosso continente. Cuidado com os mesmos que criam as suas criptomoedas para causa própria, sim à tecnologia e às startup, mas não a Governos a fazer o mesmo que os Americanos, Russos e Chineses. A concorrência global seria estabelecida, a criação de alternativas europeias poderiam desafiar o domínio das gigantes americanas e chinesas, trazendo maior equilíbrio ao mercado global.
Preservação da Cultura e Identidade Europeia
A pluralidade de línguas e culturas é importante para cuidar da Europa como é. As redes sociais projetadas para a Europa poderiam ter um foco mais inclusivo nas diversas línguas e tradições do continente, promovendo conteúdos locais e regionais. Podemos ter proteção contra homogeneização cultural, a normalização "do mesmo", o domínio de redes sociais externas tende a promover uma cultura global uniforme, muitas vezes à custa das identidades locais. O maior número abafa a singularidade.
Garantia de Transparência e Ética
Ética! Outra ética e abaixo os falsos moralistas puritanos que até a arte desnuda se torna hardcore. As redes sociais europeias poderiam operar com maior transparência nos algoritmos, na monetização e na moderação, alinhando-se aos princípios de ética e justiça da União Europeia! Contruir um modelo sustentável, ao invés de depender exclusivamente de anúncios baseados na "colheita de dados". As redes europeias poderiam explorar modelos mais éticos de financiamento, como assinaturas ou doações.
Prevenção de Monopólios
É evidente que estas ideias visam a quebra do oligopólio atual:, criar redes locais ajudaria a diversificar as opções disponíveis para os cidadãos, reduzindo a concentração de poder nas mãos de algumas poucas empresas globais. O foco deixaria de estar no interesse das empresas em somar informação e usá-la para negócio próprio abusado dos membros, mas depois aplicando "políticas de censura doidas". O foco deve ser nos membros ou usuários, não em lucro, as atuais não oferecem nada, ou seja, algo bem diferentemente das grandes plataformas, que priorizam lucros de acionistas. As redes europeias poderiam adotar um modelo centrado no bem-estar digital dos usuários.
Exemplo de Modelos Bem-Sucedidos (é preciso mais).
Mastodon (*) e o Fediverso. A Europa já possui iniciativas como o Mastodon, que opera de maneira descentralizada, sem controle por grandes corporações. Este tipo de abordagem poderia ser ampliado e apoiado por governos europeus. Estímulos governamentais, investimentos públicos, poderiam criar um ecossistema robusto de redes sociais europeias, garantindo a competição com players globais.
* O Mastodon foi criado na Alemanha por Eugen Rochko em 2016, que desenvolveu a plataforma como uma alternativa descentralizada às redes sociais tradicionais, foi inspirado por preocupações com a centralização e a falta de transparência em plataformas como o Twitter (parecia que estava a adivinhar!). A Alemanha é conhecida pela forte postura em defesa da privacidade e proteção de dados (como o GDPR), o que reflete na filosofia do Mastodon e na forma como ele funciona, priorizando o controlo dos usuários sobre seus dados e interações.
Os desafios
Embora se possam encontrar argumentos fortes, há obstáculos a ter conta. A adesão de membros, as redes sociais europeias precisariam oferecer funcionalidades atraentes e uma base de usuários robusta para competir. O sentimento europeu deve vir ao de cima! O investimento inicial, ou seja, o desenvolvimento e a manutenção de plataformas exigem um alto investimento em tecnologia e infraestrutura, arrancar agora é arrancar tarde mas temos a conjuntura ideal criada! Teremos que enfrentar a concorrência com gigantes, desafiar o domínio de empresas já consolidadas pode ser um processo lento e difícil.
A cultura e "nacionalidade" europeia deve corporizar mais um avanço em tempos desafiantes. Saibamos usar este momento para enfrentar com coragem.
Nota do CM: autor, vamos abrir conta. Não sabíamos que era alemã, andando e aprendendo.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2025
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