E stas serão mais umas eleições sem ideias com todos na ideia fixa de ganhar, já não sei quando se debate, parece não haver espaço na vida pública, tudo é um faz de conta. Temos muitos assuntos para falar, da Saúde aos Transportes, da Habitação aos Lares, do Ambiente e as Alterações Climáticas, do excesso de carros nas vias que não são elásticas, etc, mas há uma que é urgente e que alguns afloram mas não tornam causa.
Quando uma ilha pequena e vulcânica destina as suas melhores terras agricultáveis para construção de casas luxo e campos de golfe, várias consequências podem surgir, tanto ambientais quanto socioeconómicas. Num tempo de incertezas no mundo, de guerras militares e económicas, o que se produz em casa não se sujeita a impostos, para além de ao saber o que produzimos ter impacto na Segurança Alimentar
Menos terras disponíveis para cultivo significam maior dependência na importação de alimentos, aumentando os custos para a população. O monopolista esfrega as mãos de contente, mais carga, mais dinheiro, o madeirense que se aguente com os vencimentos. La Palice, a perda de variedades locais, culturas adaptadas ao solo vulcânico que podem ser substituídas por produtos importados, leva à perda da nossa biodiversidade agrícola. Alguns abatem florestas para óleo de palma, nós dizimamos ambiente natural e terras agricultáveis para campos de golfe, como na Ponta do Pargo ou construção, vai desaparecendo com a paisagem natural das nossas produções locais, sobretudo banana e vinho.
A erosão e degradação do solo (solo vulcânico muitas vezes é rico para a agricultura mas fraco para a construção) é amplificado com a impermeabilização do solo com asfalto ou betão, leva à erosão e perda de nutrientes... de enxurrada. Quando não é incêndios. Construímos de forma ignorante o nosso desastre, a substituição de áreas agrícolas por superfícies impermeáveis pode aumentar o escoamento da água da chuva, em vez de percolar, levando a inundações e deslizamentos de terra, se a montante temos serra ardida o Inferno anda perto.
Vamos para uma escassez de água como normalidade, mesmo que apareçam enxurradas, vem tudo de uma vez, paralelamente temos uma política de campos de golfe para justificar "urbanizações". Mandam-nos poupar água, falam de derrames, encarecem a mesma, dizem-me que chove menos, mas por outro lado constroem campos de Golfe. Seremos por este andar uma ilha com problemas hídricos onde se impõe um preço alto ao pobre, para não gastar, enquanto o rico abusa das reservas limitadas.
A perda de habitats naturais, o desmatamento para construção de casas e campos de golfe pode destruir habitats de espécies nativas e endémicas, afetando o ecossistema local sem saberem. Abelhas e colmeias, cadeias alimentares dos pássaros, etc.
Acho piada se tornar as bermas das estradas despidas de hortências por serem espécies invasoras, para depois ver uma serra de giesta e carqueja. As novas paisagens urbanas e campos de golfe, frequentemente trazem plantas e gramíneas exóticas, que podem competir com a vegetação nativa. Já pensaram nisso? Sobretudo quando os campos de golfe se metem pelos nossos campos dentro.
Nem é preciso explicar, mas vamos a isso, a desigualdade e especulação imobiliária mata a produção agrícola, sobretudo quando se paga mal em cooperativas. A construção de residências para ricos estrangeiros, especialmente para turismo, inflaciona os preços das propriedades, dificultando o acesso à habitação para os moradores locais e terrenos para projectos agrícolas. Que não haja guerra para se ver um tractor a rasgar campos de golfe ...
A dependência do turismo já tinha sido apontada com o encerramento devido à Covid, e nós fizemos pior. O turismo pode trazer benefícios económicos, mas também torna a economia local vulnerável a crises externas, como pandemias e recessões. Os amigos que me leem estão a somar a desgraça que se pode abater num instante?
Agora não há êxodo rural mas sim "turistificação" rural. Os agricultores podem ser forçados a abandonar a profissão devido à falta de terras, levando à perda de conhecimento tradicional e ao aumento da dependência de empregos no setor de serviços. O turismo e a habitação de luxo ou direcionada a vender caro a estrangeiros, aniquila a agricultura, a produção agrícola, porque a par dos baixos rendimentos e das pragas cada vez maiores, para além da imprevisibilidade das alterações climáticas, não garantem rendimento. Porque o Governo Regional não apoia como devia, a construção é a sério e a agricultura é a brincar às feiras.
Brigam por pasto, criam vacas de limusine, feiras sem os frutos, mas caminhamos para betão, tudo é ornamento do betão.
A substituição de terras agrícolas por construções e campos de golfe podem trazer ganhos económicos de curto prazo (com que os políticos acenam), mas pode comprometer a sustentabilidade da ilha a longo prazo. Medidas como a bolsa de terrenos, de forma responsável, a criação de zonas agrícolas protegidas da construção, a promoção da agricultura sustentável e o equilíbrio entre turismo e preservação ambiental são fundamentais para mitigar esses impactos.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
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