Madeira: A Ilha do "Número 1" - O que é que falta, mesmo?

Superlativos Orbitais

O nossa ilha encantada onde tudo é "top", "número 1", "sem comparação". Daquelas ondas gigantes que fazem qualquer surfista sonhar (mas que, cá entre nós, nem sempre têm as condições perfeitas para quem não tem um exército de câmaras à disposição) à paisagem que é "de cortar a respiração" (mas que já vimos tantas vezes que, para ser sincero, até os turistas já estão a pedir uma atualização no cenário). Somos o centro das atenções, até que alguém perceba que temos um atraso de décadas em algumas áreas, ou que o turismo "a qualquer custo" está a engolir tudo por dentro.

A Madeira é sempre a "número 1" no que toca a dar destaque ao que é efémero: uma onda gigante, uma festa, uma vista deslumbrante. Mas e depois? No dia seguinte, estamos a tentar controlar o número de turistas, a limpar o lixo que não conseguimos recolher rapidamente, a ver o nosso litoral a ser cada vez mais ocupado por hotéis que se parecem todos iguais. Ah, sim, porque ser "top" é mesmo sobre encher as praias de turistas sem qualquer plano para os manter a longo prazo, certo?

E a nossa cultura? Ah, a Madeira é maravilhosa, sim, mas quando é que deixamos de ser o parque temático dos "números 1" e começamos a valorizar a autenticidade, sem a necessidade de estar a meter tudo numa prateleira de souvenirs? Queremos ser melhores, mas nem sempre temos o que é necessário para ser realmente inovadores. Temos de parar de olhar para o espelho e repetir "número 1" como um mantra e perceber que o "número 1" é, muitas vezes, o mesmo que estar a tapar o sol com a peneira.

Mas vai, vamos continuar a ser "top" enquanto outras ilhas (e até outras regiões de Portugal) começam a perceber que a autenticidade vale mais do que a quantidade. Vamos celebrar as ondas, claro. Mas a próxima onda que queremos surfar é a da mudança real, sem ser só de aparência.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 15 de março de 2025
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