N a intrincada teia de poder que sustenta o regime madeirense há 48 anos, as sondagens eleitorais deixaram há muito de ser instrumentos de análise política para se transformarem em armas de guerra psicológica. Fontes internas revelam que o Diário de Notícias da Madeira, órgão controlado pelo Grupo Sousa e Grupo AFA — conglomerados cujos esqueletos empresariais estão entrelaçados com escândalos de corrupção, prepara-se para lançar, nos próximos dias, uma sondagem estrategicamente "contida". Nela, o PSD surgirá ligeiramente abaixo da maioria absoluta, numa coreografia minuciosa para validar a narrativa de inevitabilidade do poder.
A jogada é sofisticada. Hoje, o Jornal da Madeira, alinhado com o núcleo duro do poder, divulgou uma sondagem inflacionada, atribuindo ao partido de Miguel Albuquerque uma maioria absoluta. O objetivo era claro: criar uma âncora cognitiva na população, induzindo a ideia de que a vitória do PSD é irreversível. Contudo, a reação crítica a números tão discrepantes — questionando a metodologia opaca, a amostragem enviesada e a ausência de transparência sobre a empresa responsável — obrigou o regime a recalibrar a estratégia. É aqui que entra o Diário de Notícias, com uma sondagem, ao que tudo indica, mais "moderada" que coloca o PSD na luta apertada pela maioria absoluta.
A dupla narrativa — o exagero do JM seguido da "contenção" do DN — não é acidental. Trata-se de um “double bind” comunicacional: se o eleitor desconfia da primeira sondagem, a segunda, por ser mais "realista", ganha aura de credibilidade. Ambas, porém, convergem no essencial — a normalização da ideia de que o PSD vencerá e formará governo, seja com folga, seja por uma margem estreita. Este é o cerne da engenharia de perceção: saturar o espaço público com variações do mesmo resultado para gerar um “viés de confirmação”. Quando múltiplos veículos, mesmo com números distintos, ecoam a mesma previsão, a população tende a internalizá-la como "verdade", ainda que baseada em dados manipulados.
O cálculo político por trás desta operação é sinistro: a desmobilização eleitoral. Estudos de comportamento eleitoral mostram que a percepção de um resultado inevitável reduz a participação, especialmente entre indecisos e opositores. Se o eleitor acredita que "nada mudará", abstém-se. É a chamada “resignação induzida”, tática usada por regimes autocráticos para minar a contestação. Na Madeira, onde a abstenção historicamente é alta, uma queda adicional poderia garantir ao PSD a vitória mesmo com apoio real minoritário.
A ligação entre os grupos mediáticos e o poder é um segredo de polichinelo. O Grupo AFA, envolvido em obras públicas alegadamente superfaturadas, e o Grupo Sousa, alegado beneficiário de adjudicações diretas, dependem da continuidade do regime para manter privilégios. Não é coincidência que ambos os veículos — JM e DN — tenham sido pivôs de campanhas de desinformação em ciclos eleitorais anteriores. Agora, usam as sondagens como teatro estatístico: números martelados, amostras contaminadas, margens de erro convenientemente omitidas.
Mas há uma luz no fim deste túnel de manipulação: a consciência cívica. A população madeirense, cansada de 48 anos de hegemonia, começa a despertar para estas artimanhas. Nas redes sociais, coletivos independentes desmontam as falácias metodológicas das sondagens, enquanto meios alternativos expõem os laços entre os grupos económicos e o poder. O apelo, agora, é que este despertar se traduza em ação.
Às vésperas de um pleito decisivo, a mensagem deve ser clara: nenhuma sondagem martelada, nenhum título encomendado, nenhum jogo de espelhos mediático pode substituir o poder do voto. A urna é o único antídoto contra regimes que confundem democracia com perpetuidade. Às elites que teceram esta teia, resta-lhes o desespero de quem vê o tempo esgotar-se. À população, resta a força de quem pode reescrever a história. Vote. Não por resignação, mas por revolução.
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Zeca Afonso
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 18 de março de 2025
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