J ovem madeirense, “não estudes muito para não ficares sem emprego”!! Se quiseres viver na Madeira, não estudes, nem trabalhes, e nem aprendas a escrever um currículo. Não percas tempo com isso, não te serve para nada. Nada do que aprendeste na escola, nem as avaliações, nem os exames que se fazem para classificar os alunos com a justiça possível, procurando promover o empenho e o bom desempenho, nada da tua formação escolar te servirá se quiseres ser bem sucedido na sociedade madeirense. Mas, se és um aluno balda com pinta de santo que assina os trabalhos dos outros, ou que pede à explicadora para lhe fazer os TPCs, um aluno fica com os louros da criatividade dos colegas, talvez te safes e quiçá serás bem sucedido aqui na ilha. Talvez não entendas o que estou a dizer agora, mas se, por ventura, vieres a ser funcionário público na Madeira, entenderás.
Nos últimos anos houve uma estratégia de delapidação do serviço público, do topo à base da pirâmide e que vem à tona em dias como estes, sempre que se forma um novo governo. Do topo à base da pirâmide há um desprezo pelo mérito e pela qualidade. A formação, a qualificação e a excelência estão fora de moda! Assim temos e teremos diretores da cultura para quem o Gil Vicente é um clube de futebol, nada a ver com Teatro. Temos uma diretora do Museu de Arte Sacra que não distingue um altar neo-clássico de um barroco; um diretor do Museu de Fotografia que não sabe o que é o obturador nem o diafragma e associará Man Ray a um filme do Tom Cruise.
Tivemos um diretor da Escola Agrícola politólogo que não sabe o que é a filoxera e não saberia calcular um caudal. Nas Pescas, um chefe de divisão da Aquacultura que também não sabe calcular um caudal. O Diretor Regional das Pescas que pensará que o espadarte é um atum com o nariz comprido, mas sabe o que é a filoxera, até porque é agrónomo, e tem de ser diretor mas não na agricultura porque é um viticultor azarado. Não menos notável, um tipo com o 6ºano que por ser presidente de uma Junta de Freguesia, foi promovido a técnico superior especialista da Direcção Regional de Pescas sem saber o que é um otólito, quiçá nem o tamanho mínimo. E agora até vamos ter o Secretário da Agricultura e Pescas que vem do ensino e esperamos que pelo menos tenha uma horta.
Chegamos a este deplorável estado em que todos os supostos especialistas não passam de curiosos, corolário de uma política de promoção da incompetência, com base no amiguismo (chamado de confiança), e trocas de favores para manter e fazer crescer a subserviência (chamada de estabilidade) de um exército de funcionários cada vez mais desadequados, que aspiram a servir-se mais do que a servir. Nesta política tudo vale: a legislação e os regulamentos servem para excluir os inconvenientes/denunciadores/concorrentes sim, mas são deitados no lixo sempre que convém, cada vez mais, quase sempre; os poucos concursos para colocação de dirigentes que ainda se fazem nas Secretarias em que ainda há algum pudor são deliberadamente falsos concursos, mas como isso dá maçada, quase todos os dirigentes têm sido nomeados, sem olhar ao mérito ou ao currículo, como convém.
Esta política de promoção da incompetência tem como dano colateral o crescimento da frustração e da angústia dos cada vez menos mui-honrosos trabalhadores (mais do que funcionários) da função pública madeirense que já só querem “sair” por sentirem que “isto nunca vai mudar”. Do topo à base, matou-se o brio.
Como se cultiva a promiscuidade entre público e privado, o privado e até a universidade (devia ser anti-poder, não era?) vêem-se contaminados pela mesma política de promoção da incompetência.
Por isso, jovem madeirense, se tiveste uma boa educação e tens o mínimo de amor-próprio, se queres ser excelente, vai-te embora!!!
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