Estejam atentos à água do mar.


C omo sabem, a "receita" vai continuar, tudo igual e não é na cozinha, é na governação. Vão meter mais gente na ilha. As ETARs não melhoram nem crescem, portanto já sabe a resposta. Se as ETARs (Estações de Tratamento de Águas Residuais) da Madeira já eram insuficientes e agora enfrentam um aumento de carga, devido ao overtourism, isto pode gerar impactos sérios no mar.

Quando não se consegue tratar há bypass, eles não têm reservatórios para esperar. Se as ETARs não conseguem processar todo o esgoto, parte dele pode ser lançado fora das instalações, sem tratamento, acabando no mar, aumentando a presença de matéria orgânica e bactérias. A situação gera manchas escuras na água, com mau cheiro e espuma. Todas ou uma ou outra.

O excesso de nutrientes (nitrogénio e fósforo) causam a proliferação descontrolada de algas, formando marés vermelhas ou manchas esverdeadas na costa. Não nos esqueçamos do episódio do sargaço, não se explica só pelas marés, o seu crescimento excessivo pode ser um sintoma de poluição e desequilíbrio ambiental. Acontece justamente com o aumento de nutrientes na água. O despejo de esgoto sem tratamento pode alimentar o crescimento descontrolado do sargaço associado ao aquecimento global, com o aumento da temperatura da água. Quero ressalvar que também é verdade que a variação de temperaturas nas correntes marinhas traz mudanças nas correntes oceânicas, o que pode desviar massas de sargaço para locais onde antes não apareciam. A combinação das duas nutrientes e sargaço traz a morte de peixes e arranca novo ciclo de mau cheiro com a decomposição dos dois. É caso para dizer que o mar devolve ao overtourism. Que fique ciente, se o sargaço aparecer em volumes anormais, pode ser um sinal de que há poluição e desequilíbrio no ecossistema marinho, uma traição às análises perfeitas.

A maior descarga de esgoto ao mar pode elevar a presença de coliformes fecais e enterococos, aumentando riscos de infeções de pele, olhos e intestinais para quem nada nessas áreas. Penso que a negação não chegará ao ponto de não avisar para a qualidade das praias ou evitando interdições temporárias.

Cuidado com o consumo de moluscos, que podem absorver contaminantes, tornando-se perigosos.

Tal como já mostrei o mar a devolver ao overtourism, se a situação das ETARs não for controlada, a Madeira pode ganhar fama de destino com mar poluído, afastando turistas preocupados com higiene e meio ambiente.

Amigos, vamos continuar com a mesma receita, vai dar barraca. É que o Alojamento Local está descontrolado e poderá ter ultrapassado parque hoteleiro. Necessitamos de regras mais rígidas para grandes empreendimentos turísticos para reduzir o impacto ambiental, mas também mais controlo no Alojamento Local. Já viram quantos prédios vão ser transformados em alojamentos para turistas na nossa capital?

Falamos sempre da água potável, este ano está a ser bom, hidricamente, mas outros anos virão muito mais secos. É o que está estudado e as alterações climáticas têm surpreendido para pior.

O turismo que trouxe riqueza pode acabar afastando visitantes e degradando o ambiente natural da Madeira. Mas, parece que ninguém tem coragem de meter travão. Precedente grave.

O motivo do meu texto é porque alguns gostam de dias de mar revolto para descargas.

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