O Chega defende o Trump como o PCP defende o Putin.


J á tinha notado, mas a publicação de há pouco acicatou mais a noção, o Donald Trump está a dar cabo do turismo dos Estados Unidos, os turistas estão-se a "cortar" e as companhias que voam, muitas vezes em renting, vão se enrascar e entrar em declínio comercial e financeiro. Março teve 17% de decréscimo de turistas e já dizem que os alarmes tocam em abril.

O Chega defende o Trump como o PCP defende o Putin, vai ser título, por favor. O PCP cai em desgraça por causa da guerra na Ucrânia, com a sua urticária que ainda não percebeu de que a Rússia é fascista e não comunista. Mas e André Ventura?

Vejo o André Ventura nos debates (até lhe pode estar a custar) a dar razão a Trump, ele foi a correr para a sua tomada de posse, não pode perder a face. André Ventura defende o que está na base da quebra do turismo nos EUA, a caça às bruxas que geram más experiências e "deportações sumárias" (devem ler este artigo: Não vá para os Estados Unidos - link). Lembro aos portugueses, sobretudo os que trabalham no turismo, que Portugal recuperou, em boa parte, as suas contas públicas por conta do turismo, agora pensem o que seria André Ventura no Governo de Portugal a fazer o mesmo que Trump, com a imigração e comecem a pensar na queda do turismo e das atividades, agrícolas por exemplo, sem mão de obra. Cuidado com esse voto de protesto que dá ricochete.

Vamos fazer um exercício de comparação e consequências? VAMOS!

EUA com Donald Trump, assiste-se a:

  • Políticas anti-imigração agressivas.
  • Deportações sumárias, mesmo de pessoas com vistos.
  • Suspensão de vistos a certos países ("muslim ban").
  • Discurso hostil contra estrangeiros, incluindo turistas.
  • Clima de medo e desconfiança nos aeroportos (entradas no país, cruzeiros também).
  • Turistas interrogados, deportados, ou desencorajados de visitar o país.
  • Países aliados alertaram seus cidadãos sobre os riscos de viajar para os EUA.
  • Queda no turismo internacional (especialmente em 2017 e 2018): o chamado "Trump Slump".

E se André Ventura governasse como Trump, com poder executivo total e um discurso anti-imigração radicalizado, seguindo a cartilha trumpista? Cá vai a receita:

  • Adoção de políticas de controlo de fronteiras mais duras.
  • Turistas de certos países poderiam ser vistos com desconfiança ou tratados como suspeitos.
  • Barreiras burocráticas aumentadas (pedidos de visto, entrevistas, etc.).
  • Chegadas mais demoradas e desconfortáveis nos aeroportos, criando má reputação internacional.
  • Portugal deixaria de ser visto como um destino acolhedor.
  • Poderia haver quedas significativas no turismo de países africanos, sul-americanos e até europeus.
  • Retórica agressiva e polarizadora.
  • Discurso público com foco em “limpar” o país de “ilegais”, misturando imigração com criminalidade.
  • Potencial para declarações xenófobas ou islamofóbicas.

Efeitos no turismo em Portugal:

  • A imagem internacional de Portugal como país aberto e tolerante seria seriamente danificada.
  • Cancelamento de reservas, eventos culturais e conferências internacionais.
  • Possível boicote informal de turistas progressistas ou mais conscientes.
  • Choque com a União Europeia e perda de prestígio internacional.
  • Eventual conflito com normas europeias de liberdade de circulação e direitos humanos.
  • Sanções políticas ou afastamento de cooperação cultural e educativa.
  • Corte de rotas e financiamento de eventos europeus.
  • Portugal deixaria de ser escolhido para programas Erasmus, festivais internacionais ou eventos de prestígio.
  • Turismo de negócios e educação sofreria danos severos.

Impacto económico direto no setor seria brutal, porque o turismo representa mais de 15% do PIB português. Um governo que crie um clima hostil a estrangeiros afectaria hotéis, restauração, cultura e património, turismo rural e urbano, perda de receitas milionárias, desemprego em massa no setor, crise de confiança nos mercados internacionais. Lembram-se de mais algum?

O “Venturismo à Trump” seria muito tóxico para o turismo, observem os Estados Unidos. O turismo vive de imagem, de perceção e de hospitalidade. Um governo populista que mistura segurança com exclusão, ou que projeta hostilidade em nome da “ordem”, afasta visitantes, mesmo os bem intencionados. Portugal é visto no mundo como um país seguro, acolhedor e aberto. Se essa imagem for substituída por um retrato de nacionalismo duro e encerramento sobre si, as consequências seriam profundas e rápidas.

Espero não ter dado ideias àquela malta que aparece no Madeira Opina a se queixar de ser explorada e mal paga pela hotelaria. E que também não dê ideias aos que estão fartos de vias entupidas, os lugares de lazer dos madeirenses a abarrotar, estacionamentos selváticos, custo de vida galopante e casa inacessível.

O que decide a cabeça do eleitor neste confronto? Prefiro manter o turismo mas despedir o Eduardo Jesus pois a única política que tem é chamar low cost, despedia todo gabinete e trazia alguém com cabeça e políticas, antes que o voto de protesto atue e acabe com tudo. O Luís Miguel Sousa se quer realmente ser popular, em vez de fingir, despeça Eduardo Jesus por segunda vez. A extrema-direita arranja sempre argumentos para chegar à sua política louca, porque os partidos tradicionais só têm bestas.

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