E m São Vicente, já poucos se surpreendem com a forma como certos negócios são feitos dentro da Câmara Municipal. Obras públicas e contratos parecem ter sempre como destino final os amigos, compadres e conhecidos de quem está no poder.
A política local transformou-se, em muitos casos, num clube fechado onde o critério principal para receber uma adjudicação não é a competência, mas sim o grau de amizade. Estas práticas não são novas. Já foram, aliás, tema de manchetes em jornais, onde se denunciavam os chamados “negócios de compadres” dentro da autarquia. Mesmo assim, pouco ou nada mudou.
Passam-se os anos, mudam-se alguns nomes, mas os favorecimentos continuam a beneficiar os mesmos de sempre. São sempre os mesmos a ganhar: empresas ligadas a familiares, amigos de longa data ou pessoas com ligações políticas aos decisores. Enquanto isso, outras empresas, que talvez oferecessem melhor serviço ou preços mais competitivos, nem chegam a ter hipótese. Muitas destas adjudicações são feitas por ajuste direto, uma forma legal, mas que, quando usada em excesso ou de forma pouco transparente, levanta sérias dúvidas. Afinal, estamos a falar de dinheiros públicos, pagos com os impostos de todos, e não de um negócio privado onde se pode escolher o empreiteiro "da casa".
Este tipo de práticas alimenta o descrédito na política e nas instituições. Cria desigualdade no acesso às oportunidades e, pior ainda, afasta os jovens e empreendedores locais que sentem que, em São Vicente, só avança quem “conhece alguém”.
É urgente dar um basta a estas manobras. A população merece transparência, justiça e igualdade de oportunidades. A Câmara tem o dever de prestar contas e garantir que todas as empresas têm as mesmas condições para concorrer, independentemente dos laços pessoais com quem decide.
São Vicente precisa de uma gestão séria, sem favorecimentos, onde o mérito fale mais alto do que a amizade.
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