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O bispo substitui o Farinha na sua impossibilidade judicial? (link) |
Caro Miguel Albuquerque,
A ntes de mais, espero que esta missiva o encontre bem e devidamente descansado, ou pelo menos tão descansado quanto um Presidente do Governo Regional consegue estar enquanto planeia a nova política de 'tolerância zero' para o turismo de campismo. Tenho que confessar:, fiquei um bocadinho confuso. É que, quando ouvi falar na dita 'tolerância zero', pensei 'Finalmente! Vão acabar com as paletes de turistas a desembarcar como se isto fosse um festival de verão permanente!' Mas não. Aparentemente, a guerra é contra as tendas. Essas perigosíssimas estruturas portáteis que ameaçam a estabilidade da nossa gloriosa ilha.
Ora, deixe-me ver se percebi bem a ideia é garantir que ninguém monte um acampamento desordenado por aí? Está certo. Mas então, vamos ser coerentes, não é? Que tal começar por limitar os voos e os cruzeiros marítimos? Afinal, se não chegam tantos turistas, também não há tendas para levantar. Parece-me uma solução simples. Mas, claro, isso implicaria negociar com as companhias aéreas e companhias de cruzeiros, e todos sabemos que elas são mais difíceis de domar do que um grupo de campistas à solta.
E já agora, que tal rever a questão das rent-a-car? A Madeira já conta com cerca de 170 empresas de rent-a-car, (170!!!!) um número que triplicou em dois anos! E estamos a falar de frotas que chegam aos 800 veículos por empresa! Mas se a sua ideia é mesmo reduzir o impacto ambiental e o caos rodoviário, porque não retirar algumas licenças e, em vez disso, incentivar a venda de carros elétricos a preços acessíveis para os residentes? Eles já merecem por aturar tanto turista e por levar consigo por mais 4 anos. Ofereça esses carros os madeirenses que aguentam os serviços dos hotéis, dos bares, dos restaurantes, dos enfermeiros ( os médicos não, que já recebem muito bem).
Aliás, já pensou em criar parques de estacionamento só para turistas, fora dos centros? Com transferes gratuitos para os hotéis, claro. E, já que estamos a sugerir, que tal um imposto turístico especial para quem aluga carros? Assim o visitante pensa duas vezes antes de poluir com vontade.
Ou então, vá lá, se é para ser radical, que tal limitar a venda de espreguiçadeiras nos hotéis? Porque, sejamos francos, já não há espaço para mais corpos bronzeados lado a lado. E o ambiente agradecia umas folgas.
Fica então a sugestão, em vez de só apontar o dedo às tendas e aos mochileiros, que tal um plano mais global? Um bocadinho de coerência não faz mal a ninguém. E prometo, caro Miguel, que se quiser abrir um grupo de debate para discutir estas e outras ideias, a população está aqui.
Com os melhores cumprimentos
Um cidadão que prefere ver a natureza respeitada por todos, inclusivamente por si que tem o dever de servir os madeirenses.
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