José Luís Nunes aplica teste do (ponta)pezinho ao Funchal Sempre à Frente


1. “Venho tomar pulso ao trabalho que se veio realizando”

Admite de forma implícita que esteve ausente e desligado da governação municipal durante o mandato de Pedro Calado e Cristina Pedra, apesar de ser presidente da Assembleia Municipal. Se agora está “a tomar o pulso”, é porque não o conhecia antes — o que descredibiliza qualquer tentativa de se apresentar como responsável pelo que correu bem… e coloca distância em relação ao que correu mal.

2. “Apenas duas vereadoras transitarão da atual vereação”

A tentativa de normalizar a saída de quatro dos seis representantes do atual executivo, incluindo Cristina Pedra, Nádia Coelho, João Rodrigues e Bruno Pereira, revela uma rutura e uma avaliação negativa do mandato. O candidato assume, sem o dizer, que a equipa de Pedro Calado falhou — caso contrário, por que razão seriam todos afastados?

3. “É uma oportunidade para marcar um novo ciclo”

Se há necessidade de “um novo ciclo”, então o ciclo atual não resultou. Esta frase, vinda de alguém do mesmo partido, é uma forma envergonhada de reconhecer que o mandato PSD/CDS na Câmara do Funchal não cumpriu as suas promessas nem correspondeu às expectativas. É um diagnóstico de fim de linha.

4. “Não foi uma cedência ao politicamente correto” (sobre inclusão de despachar os homens da equipa de vereação e ficar com as mulheres)

Ao tentar justificar a presença de mulheres na lista como sendo por mérito e não por "cedência", José Luís Nunes ofende tanto a inteligência do eleitorado como o contributo das próprias vereadoras.

5. “Venho dar continuidade ao trabalho de Cristina Pedra”

A frase é contraditória com a anterior. Se quer “marcar um novo ciclo”, por que continuar o trabalho de Cristina Pedra? E se apenas duas vereadoras se mantêm, que tipo de continuidade é essa? A ambiguidade revela falta de rumo e falta de convicção numa gestão que o próprio partido parece querer esquecer.

As declarações de José Luís Nunes oscilam entre a tentativa de homenagear um passado recente e o desejo de dele se distanciar. Essa ambivalência resulta num discurso auto-incriminatório, que embaraça o atual executivo por:

  • reconhecer falhas de governação;
  • confirmar a desagregação da equipa original;
  • admitir a ausência de ligação do candidato com a cidade e com o mandato em curso.

É o próprio candidato que, ao tentar salvar o PSD, acaba por desmontar a narrativa de sucesso que o partido tenta manter sobre este mandato para esquecer na Câmara do Funchal.

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