O incompetente é uma instituição que tem as cartas todas, normalmente vem pela via da cunha do boy partidário pela mão do paizinho emérito, porque agora aquela cunha dos amigos mais altos é uma concorrência danada. Também pode vir de um oligarca, das elites, o sucesso depende do interesse do partido em quem pede e não no indivíduo a empregar
Montado o incompetente de sucesso a vida sorri. Na função pública não é preciso ser competente, entra por cima de cunha e já recebe salamaleques de todos os medos que as pessoas criam, e eles aproveitam-se para se sentirem importantes. Os ignorantes dos meios, engolem todas as exibições de nome próprio com este e aquele. Ele é tu para cá e para lá com as pessoas de topo.
Por isso mesmo, o SIADAP já fica cativo para o menino e a menina. Os serviços têm normalmente soluções infalíveis para incompetentes, para além da cobertura do partido, em que fala o rei dos escravos, aqueles que sabem fazer alguma coisa, ainda há o outsourcing, dar o trabalho a uma empresa externa e pagar, junta-se o útil ao agradável, ele é o cliente sempre com razão e nunca falha e, se falhar, a culpa é do outsourcing.
Mas se não sabe escrever, também não é problema, o ChatGPT tem excelente escritas, ainda mais doutor do que o Google. Pena é aquelas maiúsculas e traços que alguns nem apagam, ou quando o ChatGPT é o brasileiro e não o tuga de tugal.
Com uma pessoa tão importante, ele próprio começa a mover influências, a ultrapassar os colegas que fazem casa - trabalho, é a chamada cunha de não sei que geração. Com esta introdução ao incompetente de sucesso, passemos à mestria dos incompetentes. É triste mas verdade, depois dos cursos terem passado de 5 para 3 anos.
Vivemos numa era extraordinária, onde já não é preciso saber muito para chegar longe. Aliás, quanto menos se souber, melhor, sobe bem se não meter medo a alguns. O saber é um problema. Os chamados incompetentes de sucesso são prova viva de que a ignorância bem vestida, acompanhada por um sorriso ensaiado e um PowerPoint mal feito, ainda é uma via rápida para o topo. Sem nunca esquecer a frequência dos bares e festas das decisões Ad-Hoc, situação que se depara o funcionário público honrado, de carreira e competente quando chega à segunda-feira ao trabalho.
Estes prodígios da mediocridade não resolvem problemas, criam-nos com confiança, mas dizer mal dele é proibido, porque paga o invejoso e difamador pelo incompetente. Não entendem os assuntos, mas falam deles com uma autoridade que intimida até os mais sábios. Têm sempre uma solução mágica que nunca resulta, mas que se apresenta bem em reuniões. Todos sabem que não funciona, mas pelas costas, para não melindrar, implementa-se a solução de pés na Terra. Quando se pode.
Como já disse, o incompetente de sucesso sobe não por mérito, mas por saber estar presente nos jantares certos, bajulando os superiores certos e, claro, sem nunca ameaçar quem realmente trabalha. São mestres da delegação seletiva (delegam tudo), do discurso vago (“estamos a alinhar sinergias”) e da responsabilidade difusa (“isso não era bem comigo…”).
Na política, tornam-se líderes de opinião sem nunca terem tido uma, a comunicação social abre-lhes à porta, é importante fazer servicinhos a esta gente, porque nunca se sabe a que tempos chega um jornalista dependente. Logo depois da entrada, por onde havia brecha, se o SIADAP é cativo é natural que sejam promovidos por fazerem perguntas básicas com ar de profunda reflexão. São tão eficazes a escapar de decisões (trabalho e responsabilidade) como são rápidos a aparecer na fotografia da vitória. E quando tudo corre mal? Bem, aí mostram a sua verdadeira arte: desaparecem como mágicos, culpam “o sistema” ou qualquer subordinado disponível, e surgem dias depois numa nova função, ainda mais acima, com direito a carro, cartão e palmadas nas costas. O que não falta são incompetentes promovidos, até os que falham a vitória nas eleições.
Afinal, quem disse que era preciso competência para ter sucesso? Basta parecer ocupado, dizer que se está "a gerir equipas" e usar palavras como "estratégico", "resiliência" e "dinâmica". E assim continua o ciclo dourado da incompetência promovida, sempre em ascensão, sempre em festa.
Neste Dia do Trabalhador, deixemos então um brinde silencioso aos que carregam tudo às costas, enquanto os incompetentes assinam por cima. Porque no fundo, eles são o espelho distorcido de um sistema onde o esforço é opcional e o disfarce é rei.
Não quero vos assustar, mas alguns chegam ao topo do topo, mas depois a agência do anão derrama o charme e a propaganda.
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