Carta Aberta: pela urgente demissão do senhor Eduardo Jesus


Senhor Eduardo Jesus,

O povo madeirense já viu de tudo. Já suportou promessas ocas, planos turísticos de pasquim e até algumas figuras políticas cuja relevância se esgotava ao fim de um arraial. Mas Vossa Excelência, perdão, isso pressuporia um mínimo de compostura, ultrapassou qualquer linha de decência que ainda restasse neste teatro político.

Como Secretário Regional do Turismo e Cultura (e agora também Ambiente, porque aparentemente a destruição é mais eficiente quando centralizada), o senhor conseguiu o feito notável de nos envergonhar não apenas enquanto cidadãos, mas enquanto seres pensantes.

Vamos aos factos:

Chamar “gaja” e “bardamerda” a colegas deputados na Assembleia não é liberdade de expressão. É grosseria, é machismo rançoso, é falta de educação básica, algo que se exige até no mais modesto dos cargos públicos, quanto mais no seu. O parlamento regional não é tasca, e o senhor não está a jogar à sueca no café do bairro.

Mas não é só a língua solta que o denuncia. É a visão privatizadora doentia, disfarçada de modernidade. A Madeira, com toda a sua riqueza natural, cultural e identitária, é para si apenas um produto à venda. Uma montra de catálogo turístico para entregar ao setor privado com um laçarote em cima. Tudo se vende, desde que a comissão seja generosa e a ideologia liberal-fundamentalista seja satisfeita.

Ambiente? Só se for para ser desmatado, alcatroado e servido em formato de resort com vista para o colapso climático.

Está claro que o senhor não está ao serviço da Madeira. Está ao serviço de interesses, e nem se dá ao trabalho de os esconder. Comportamento indigno, linguagem ofensiva e uma visão de governação que confunde gestão pública com saldos de Black Friday. Chegámos ao ponto em que a sua permanência no cargo não é apenas insustentável: é indecorosa.

Por tudo isto, e pelo bem da imagem pública desta região, pela dignidade institucional, e — já agora — pelo respeito mínimo que os madeirenses merecem, sugerimos que faça a única coisa que ainda pode dignificar o seu mandato:

Demita-se. Com urgência. E em silêncio, se faz favor.

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