Chicos-Espertos & Companhia



Uma legislatura de luxo.

S er deputado do PSD é quase como ter um passe vitalício para o bufê da impunidade:, comes bem, dormes melhor, e se alguém perguntar por resultados, mostra-se um power point mal amanhado com “valores europeus”. O salário base já é simpático, cerca de 3.700€ brutos, mas a festa verdadeira começa nos extras.

São os famosos subsídios de deslocação, ajudas de custo, verbas para habitação, subsídios de transporte, complementos de representação e outras maravilhas contabilísticas que transformam cada deputado numa espécie de classe executiva ambulante. E quanto mais longe dizem viver, mais recebem. Dizem, porque há quem more em Lisboa e declare residência na Conchichina para sacar o tacho completo, e quando confrontados, fazem-se de vítimas do sistema. Pobre deles. São forçados a receber.

E no meio deste banquete, eis que surge um jornalista, pago por alguém, ou por algo mais forte do que a ética, a apontar o dedo ao deputado Filipe Sousa, do JPP. O crime? Ter sido eleito. Com trabalho, com votos, com aquela coisa rara chamada mérito. Não chegou lá por cunha, comissão nem por lamber botas de barões regionais ou nacionais. Um erro, claramente. O povo não está cego, sr. Jornalista do PSD. Está cada vez mais de olho aberto.

Mas, em vez de investigar as dezenas de deputados do PSD que fazem carreira a mentir sobre moradas, que colecionam viagens como quem coleciona cromos e que passam mais tempo a ajeitar o nó da gravata do que a representar quem os elegeu, esse jornalista decidiu que o problema era o Filipe Sousa. Talvez porque o JPP não controla nenhum jornal, nem faz parte do clube das sinecuras.

E os tais do PSD, esses sim, são os verdadeiros artistas. Uma trupe de chicos-espertos que domina a arte de parecer sérios enquanto desviam olhares e justificações. Lambem botas em Lisboa como antes lambiam no Funchal, sempre com a língua pronta e a coluna em modo dobradiça.

No fundo, é tudo uma encenação. O Parlamento como teatro, o PSD como companhia residente, e os contribuintes como público pagante, sem direito a reembolso, nem mesmo quando o espetáculo mete nojo.

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