Madeira: paraíso natural, inferno institucional.


Afinal, "Turismo Rasca" era a secretaria e está intimamente ligado ao declínio da testosterona.

T uristas do mundo, uni-vos! A Madeira espera-vos com os braços abertos, os miradouros bem posicionados e… Eduardo Jesus em modo berserker parlamentar. O arquipélago que vive de sorrir para câmaras e encantar influencers tem agora um novo atrativo turístico: o espetáculo do homem que confundiu a função pública com um reality show de má educação.

No recente debate parlamentar, o secretário regional do Turismo demonstrou, com assinalável vigor, que há muitas formas de promover uma região, e que uma delas é não deixar ninguém falar enquanto se faz um monólogo em tom de mestre de internato do século XIX. Eduardo Jesus, armado com o dom da palavra e a subtileza de um furacão, brindou o público com aquele charme misógino insular típico... utilizando palavras de “gaja”, “bardamerda” e “cara***”

Sim, senhoras e senhores, isto já não é só turismo. É turismo com espetáculo garantido. Vem incluído no pacote da Air Madeira: voo, hotel, levada e um vernáculo autoritário grátis na Assembleia. Só precisa levantar a mão para discordar, e puff! Surge o Eduardo com o dedo em riste e o ego em modo turbo.

E não é para todos. Ah, não. As mulheres, em particular, devem sentir-se lisonjeadas: há um cuidado especial em tratá-las com aquele tom paternalista tão característico de quem acredita que “explicar com firmeza” é sinónimo de interromper e subir dois tons na escala do desdém.

Mas não sejamos injustos. Isto é branding. O novo slogan turístico da região poderia muito bem ser:

“Madeira: natureza exuberante, política com malcriação”.

E imagine-se o novo circuito turístico: visita guiada à Assembleia Legislativa com reconstituições dramáticas ao vivo. “Aqui, nesta cadeira, uma deputada tentou falar. Aqui, Eduardo Jesus chamou-lhe gaja, mandou-a para o caralho e chamou-lhe seu berdamerda.

Senhoras, tragam biquínis, chapéu de sol e uma certa resistência a mansplaining institucionalizado. Senhores, tragam uma boa dose de espírito crítico e tampões para os ouvidos. Nunca se sabe quando o microfone está ligado.

Em suma: visitem a Madeira. É linda. É mágica. É uma lição permanente de como não fazer relações públicas. E no fim do dia, enquanto brindam com poncha ao pôr-do-sol, pensem: é espantoso como um arquipélago que vive do turismo tem como rosto do setor alguém que parece genuinamente incomodado com o conceito de lidar com pessoas.

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