Em três anos, 13 turistas morreram em serras na Madeira. As autoridades dizem que muitos turistas têm comportamentos de risco, como sair dos percursos recomendados nos trilhos. (link)
D e facto agora morre mais porque se aventuram, mas também há casos não resolvidos e não se sabe porquê? Aventuram-se porque escolhemos outro turismo. Certo? Ninguém pensou nisso, era só encher hotéis e alojamento local? Estou a perceber que 13 mortos em 3 anos é um número elevado e nem que seja pelos textos esclarecedores publicados pelo Madeira Opina, isto começa a mexer pela má fama previsível.
A ACIN deve estar a pensar ficar com este filão para cobrar e montar o esquema de serviços associados, mas não se esqueça da transferência de responsabilidades, das forças antagónicas que disputam numa morte, no mau nome que querem transferir de um bando de incompetentes com tremendas carradas de propaganda para cima do privado.
Acaso o Eduardo Jesus começa a pensar que pode ter mais do que "irresponsabilidade política", como faz com a inoperacionalidade do aeroporto, mas desta feita com os falecidos de férias na Madeira? O número vai parar? Se não parar será problema da empresa que se projecta a ficar com o negócio de Levadas e Trilhos? Há questões complexas sobre a responsabilidade, a segurança e o modelo de turismo que está a ser promovido. Mesmo que a empresa do "esquema" esteja ansiosa, convém perceber se não vai ser o bode expiatório.
A reputação do destino é um ativo precioso que pode ser rapidamente corroído por notícias de acidentes fatais. Já há turistas certos a detestar o que se fez no turismo da Madeira e a qualidade das pessoas que atraíram. Vai valer a pena?
Para a empresa privada que assumir a gestão ou a monitorização da segurança nos trilhos, surge a questão: até que ponto a responsabilidade em caso de acidente recai sobre ela e até que ponto permanece nas entidades públicas (Governo Regional, autarquias, proteção civil) que têm o dever de zelar pela segurança dos cidadãos e visitantes?
O que vão escrever no acordo por ajuste directo? A questão final sobre a responsabilidade do Secretário Regional de Turismo e Cultura, é fulcral. Não sei como é que com 13 mortos ainda ninguém indagou se os percursos estão devidamente sinalizados, mantidos e seguros? Há equipas suficientes para monitorizar e intervir? Claro que não, os quadros que o poder gosta de empregar são as elites e falta orçamento para a arraia miúda.
Há campanhas eficazes para alertar os turistas para os riscos, a necessidade de preparação adequada (equipamento, calçado, água) e para a importância de não sair dos percursos? Só me lembro dos apeados da inoperacionalidade do aeroporto com aquele bendito Plano de Contingência que espera que as coisas se resolvam. Antes de alguém assinar algo que é dos madeirenses é bom perguntar pelas regras claras para empresas que organizam passeios, guias e para a própria conduta nos trilhos.
A Madeira é um espelho do desafio que muitos destinos enfrentam ao promover o turismo de natureza na massificação. Morre pessoas e natureza.
Eduardo Jesus está a "enterrar" o madeirense pelo custo de vida e falta de habitação, os turistas sem infraestruturas para acolher a massificação e o turismo da Madeira.
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