Onde voar é opcional e aterrar é um milagre

É oficial: o Aeroporto da Madeira não é um aeroporto, é uma roleta russa meteorológica. Há quem vá viajar e há quem vá tentar. A única certeza é a incerteza. Dizem que é por causa do vento... mas o vento já cá estava antes do aeroporto e provavelmente vai cá ficar depois dele. A diferença é que o vento nunca nos prometeu nada, o governo da Madeira sim.

Enquanto os voos são cancelados à velocidade de um piscar de olhos e as famílias se acumulam no chão do aeroporto como se aquilo fosse um festival de verão sem música, sem comida e sem dignidade, o Governo Regional segue impávido e sereno. A única coisa que aterra com sucesso na Madeira é a paciência dos passageiros.

Mas chega de críticas vazias, vamos ser construtivos! Perante tamanha incompetência logística, proponho duas soluções visionárias, que provavelmente nunca serão ouvidas, quanto mais implementadas:

Hotel “Cancelled Inn” – Um resort de luxo plantado mesmo ao lado do aeroporto. Quartos com vista para aviões que nunca chegam e um bar chamado “Terminal Lounge”, onde se servem cocktails com nomes como “Desvio para Porto Santo” e “Check-in Infinito”. Podem até criar um cartão de fidelização: quem ficar retido 5 vezes, ganha uma noite grátis e uma sessão de terapia para lidar com o trauma.

Ferry “Ai-de-Mim” – Uma ligação marítima direta Santa Cruz-Porto Santo, com barcos adaptados à emoção da travessia, se o avião não levanta, o barco navega! Já que o governo gosta de rotas subsidiadas, aqui está uma oportunidade de ouro. Além disso, podem garantir que, ao contrário dos aviões, o barco parte mesmo (a menos que o vento leve também o porto… nunca se sabe).

A pergunta que fica é, será que alguém no Governo Regional sabe que um aeroporto serve para receber aviões e não apenas turistas desesperados e relatos de sofrimento na imprensa? Ou será que estamos todos a participar involuntariamente no maior espetáculo de comédia negra da história insular?

Será que ninguém no Governo da Madeira consegue perceber que esta palhaçada atinge níveis de ridículo internacional? Ou será que estão todos demasiado ocupados a fingir que o problema não existe enquanto mandam posts de Instagram com golfinhos e pôr-do-sol?

Até lá, boa sorte a quem tentar voar. E tragam mantimentos. E mantas. E talvez um saco-cama. Nunca se sabe quantos dias vão durar os “ventos moderados”.

Enviar um comentário

0 Comentários