![]() |
Continuidade territorial no Japão, a alegria dos motoristas. Eles são subdesenvolvidos. |
V amos começar pelo básico, no tempo dos dinossauros (ou seja, há uns anos atrás), havia um armador espanhol que decidiu ligar a Madeira ao continente com um ferry. Coisa simples, só para o Verão. Era experimental, tipo "vamos ver se isto pega". E pegou. As pessoas gostaram, a economia começou a mexer e o turismo sorriu.
Com o tempo, a operação aumentou, mais dias, mais viagens, mais turistas a virem de ferry. Chegou a ser tão bom que meteram dois barcos! Dois! Na Madeira, isto é praticamente uma frota imperial. Tudo ia de vento em popa porque… dava dinheiro. E quando algo dá dinheiro, normalmente continua. Exceto na Madeira.
Aqui entra a magia. Ou melhor, o lobby. Existe uma desrespeitável e poderosíssima família de armadores que basicamente têm o monopólio do mar. São como os senhores feudais das ondas. Quando perceberam que o ferry espanhol lhes estava a roubar protagonismo (e lucros), decidiram que não, isto não podia ser. Vai daí, a operação parou.
Mas vamos fingir que isto não aconteceu e que você quer criar a sua própria empresa de ferries na Madeira. Eis o que precisa:
Arranje um Barco. Evite contacto com Famílias madeirenses de Armadores. Procure um armador em Aveiro ou no estrangeiro se possível.
Comece no Verão, Sol, turistas e zero hipóteses de tempestades. Pode chamar-lhe Vai e Vem Lda.
É preciso estudar a demanda real, turismo, residentes, transporte de mercadorias, ligação Madeira-Continente e inter-ilhas (Madeira-Porto Santo, por exemplo). Deve também verificar dados de fluxos turísticos, números de passageiros potenciais e sazonalidade. Pesquise estudos que já foram feitos. Analise os preços praticados no passado (incluindo o serviço espanhol) e o que o mercado está disposto a pagar.
Por exemplo, a ligação Madeira-Portimão tinha bastante procura no verão. Há turistas que preferem ferry por transportar carro, bagagem, etc.
Para o licenciamento é necessário contactar a Direção-Geral de Recursos Naturais, a Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) para licenças marítimas, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) para aprovar tarifas e rotas e INFELIZMENTE o Governo Regional da Madeira. Deverá também verificar normas europeias para transporte marítimo de passageiros.
Crie a empresa na Conservatória do Registo Comercial (pode ser Lda. ou S.A., dependendo do investimento). Registe-a nas Finanças e na Segurança Social. Abra uma conta bancária, prepare um plano financeiro e um plano de negócios (é fundamental se precisar de investidores ou financiamento). Procure fundos europeus (ex.: POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos).
Pode tentar candidatar-se a apoios regionais ou PPP (Parcerias Público-Privadas) se conseguir mostrar benefícios para a economia local (o que não é nada difícil se tiver 2 dedos de testa).
Se comprar novo é muito caro, se for em segunda mão é mais realista. Um leasing de navios pode ser uma solução de menor risco financeiro inicial. Precisa de um navio certificado para passageiros e veículos (Ro-Ro Ferry), com capacidade adequada à rota.
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.