H oje, 21 de agosto, celebra-se o Dia da Cidade do Funchal. Um dia que deveria ser de orgulho, festa e exaltação da nossa identidade. Mas como fingir alegria quando, nos últimos quatro anos, a cidade foi governada por uma equipa inteira sob suspeita de corrupção?
Comecemos pelo rosto principal: Pedro Calado, presidente da Câmara, que chegou com promessas de renovação e acabou a protagonizar manchetes judiciais. Ao seu lado, Cristina Pedra, vice-presidente, partilhando responsabilidades num executivo que se transformou em sinónimo de desconfiança.
Mas seria injusto falar apenas de nomes políticos. Porque o Funchal tem outros “heróis” silenciosos, que dia após dia destroem a essência da cidade. Falamos do Grupo Sousa, sempre de mãos dadas com o poder, consolidando monopólios que estrangulam a economia local. Falamos da Afavias e da Socicorreia, que têm transformado o Funchal num palco de betão, com edifícios descaracterizados, desumanos e sem qualquer respeito pela identidade histórica da cidade. Construções que mais parecem monumentos ao lucro fácil do que obras pensadas para servir os cidadãos.
E tudo isto sem o mínimo planeamento de infraestruturas essenciais: onde estão as ETARES modernas e funcionais, devidamente atualizadas, capazes de acompanhar o crescimento urbano? Não existem. Preferiu-se erguer torres e condomínios, empilhar cimento e vidro, enquanto as necessidades básicas da população ficaram relegadas para segundo plano.
É com este retrato que o Funchal chega ao seu dia. Sim, haverá discursos solenes, bandeiras hasteadas e fogo de artifício. Mas não esqueçamos a verdadeira memória: uma cidade entregue a um executivo sob suspeita e a interesses privados que a moldam ao sabor do lucro, sem visão nem respeito pela sua identidade.
Que este 21 de agosto seja mais do que festa: seja memória. Para que os funchalenses nunca se esqueçam de quem permitiu que a cidade fosse descaracterizada, corrompida e vendida em fatias ao betão.
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