Turismo e Ambiente em conflito


A Madeira aposta no turismo, tornou-o massivo, está em overtourism, vende natureza e mar com boas águas. No entanto, as ETAR's cada vez mais vazam sem tratamento efluentes por subdimensionamento e por outros problemas técnicos. Por outro lado, o Governo Regional quer apostar em mais aquacultura com outras espécies (link). Como querem obter bandeiras azúis e como vão manter a qualidade das águas do mar? Onde vão colocar, com a repulsa das câmaras que não são do PSD por essa atividade. Vão ganhar as 11 câmaras?

H á pontos cruciais e complexos que se entrelaçam, o modelo de turismo, a gestão de resíduos, a qualidade da água e os conflitos políticos em torno do desenvolvimento económico. Por outro lado, temos um governo de apetites, clientelas e instintos sem estudo, muitas vezes com base nos subsídios disponíveis.

O Paradoxo da Bandeira Azul

A atribuição da Bandeira Azul é um processo rigoroso (? ainda é ?), mas a sua manutenção pode ser um desafio face à pressão turística e de infraestruturas. A Madeira tem investido na promoção da sua costa e do mar, e as Bandeiras Azuis são uma ferramenta de marketing poderosa, validando a qualidade da água e a gestão ambiental das praias.

No entanto, a sua questão sobre como a ilha mantém as águas limpas perante o subdimensionamento e falhas nas ETARs (Estações de Tratamento de Águas Residuais) é o cerne da contradição. A obtenção da Bandeira Azul baseia-se em análises da qualidade da água realizadas em pontos específicos e em períodos definidos. Se as falhas nas ETARs acontecem fora desses períodos ou em locais não monitorizados, a qualidade da água para a atribuição da bandeira pode não refletir a realidade das águas costeiras em geral. Vazamentos de efluentes não tratados podem ter um impacto significativo na vida marinha e na saúde pública, mesmo que a amostragem para a Bandeira Azul, por si só, não o detete. O desafio é que o sistema de saneamento não acompanhou o crescimento do turismo e da população, criando um desequilíbrio entre a imagem vendida e a capacidade real de gestão ambiental.

O Conflito da Aquacultura e a Qualidade da Água

A aposta do Governo Regional em mais aquacultura, especialmente com novas espécies, adiciona outra camada de complexidade. A aquacultura, por definição, pode ter um impacto ambiental significativo se não for bem gerida. A libertação de nutrientes, medicamentos e resíduos orgânicos para o mar pode levar à eutrofização, proliferação de algas e à degradação da qualidade da água e dos ecossistemas.

A repulsa das câmaras que não são do PSD por esta atividade não é apenas uma questão política, mas também reflete preocupações ambientais e de imagem. Para estas autarquias, o modelo de desenvolvimento económico do Governo Regional pode ser visto como uma ameaça ao turismo "de natureza e mar" que a ilha vende. O argumento é que a aquacultura pode ser percebida como uma atividade industrial que polui o mar, afastando os turistas que procuram águas límpidas para mergulho, natação e outras atividades náuticas.

A análise crítica aponta para uma falha de estratégia:

  • Contradição no marketing: A Madeira vende-se como um destino de natureza e águas puras, mas a sua infraestrutura de saneamento não é adequada para lidar com o turismo de massas e a aposta na aquacultura, que é uma atividade potencialmente poluidora.
  • Discrepância entre os objetivos: O Governo Regional parece priorizar o crescimento económico através de setores como o turismo e a aquacultura, mas não está a investir de forma proporcional em infraestruturas básicas para mitigar os impactos ambientais desse crescimento.
  • Conflito político e ambiental: A oposição à aquacultura por parte de outras forças políticas não é apenas ideológica, mas baseia-se em preocupações concretas sobre a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento.

Em suma, a Madeira enfrenta um dilema, como pode continuar a promover a sua imagem de paraíso natural e de águas com Bandeira Azul quando a pressão sobre as suas infraestruturas de saneamento e a aposta em atividades como a aquacultura ameaçam a qualidade da sua principal atração? A resposta a esta questão reside na necessidade de um planeamento integrado que harmonize o crescimento económico com a proteção ambiental, em vez de os colocar em oposição.

Tenho medo disto, é porque no turismo e no ambiente está a mesma pessoa que foi posta a andar uma vez do Governo e que agora, na segunda volta, assina por baixo tudo o que aparece dos glutões do regime. Para complicar mais, nas Pescas temos um indivíduo ao estilo "fiel de trump", só ali está porque abana a cabeça a tudo.

Falei sobretudo do mar, na serra é o que se vê, vivemos numa época de dizimar os nossos tesouros. Falei do turismo e não falei do direito do madeirense em manter o ambiente, mas este tem o voto, se não se manifestar contra terá a factura.

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