Universidade da Madeira, "the end".


Uma ilha de faz de conta, muito condicionada a gastar o dinheiro de forma "certa"

A história da Universidade da Madeira podia ter sido inspiradora: uma ilha que aposta no conhecimento, que fixa jovens, que cria inovação própria. Mas não — o guião foi escrito noutro género: tragédia satírica em vários atos, com dinheiro público como protagonista e o contribuinte madeirense no papel de figurante mal pago.

O método de destruição foi simples. Primeiro, gastar em betão, vidro e tecnologia de catálogo, sempre mais vistosa do que útil. Depois, multiplicar cargos e estruturas até que a burocracia tivesse mais peso do que a própria ciência. E, claro, nunca esquecer os congressos com coffee breaks sumptuosos para meia dúzia de insiders — a prova viva de que a “excelência académica” se mede em croissants.

Mas o golpe de mestre está na parceria cúmplice: o apoio fiel à ARDITI. Essa entidade quase mística, apresentada como motor de inovação mas que, na prática, funciona como um aspirador de fundos públicos com turbo. Milhões entram, relatórios saem, e o madeirense comum fica apenas com a conta para pagar — e, com sorte, uma brochura colorida a explicar que a ilha está “na vanguarda da investigação”. O retorno para a população? Zero vírgula nada. Ou, no melhor dos cenários, uma foto institucional com sorrisos de plástico e logótipos alinhados.

Assim se fecha o círculo: universidade transformada em centro de eventos, ARDITI a queimar dinheiro como se fosse carvão numa velha locomotiva, estudantes a fugir para o continente, e professores a escrever projetos mais interessados no financiamento do que no conhecimento. O contribuinte olha e pergunta: “Mas isto serve para quê?” — e a única resposta honesta seria: para garantir que a mediocridade tem sempre um subsídio.

No final, o epitáfio da Universidade da Madeira já está escrito:

Aqui jaz uma oportunidade perdida, vítima de má gestão, clientelismo e do culto à obra inútil.

Financiada pelo povo, mas sem nunca servir o povo.

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