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Q ue privilégio o nosso: saber que a Madeira estará representada em Osaka, Japão, por Miguel Albuquerque e pela sua comitiva de luxo — porque, claro, governar não chega, é preciso também viajar em grande estilo. Desta vez, leva consigo o engenhoso Rui Caldeira e o "talentoso" (...) Pedro Campos da Universidade da Madeira , cada qual com o seu historial brilhante na arte de gastar milhões: um pela ARDITI, outro pelo antigo matadouro. Obras faraónicas, justificações poéticas, e resultados… bom, resultados nem tanto. Mas, afinal, a recompensa do lambe-botismo exige sempre novas oportunidades de embarcar em missões “oficiais”.

É extraordinário, enquanto o povo madeirense pede investimentos básicos em ETAres decentes, em infraestruturas de utilidade real, ou em políticas que premiem mérito e competência, a comitiva prefere acumular milhas aéreas, banquetes protocolares e fotografias para memória futura. O contribuinte paga, o contribuinte cala — e a roda do privilégio continua a girar.

Mas, Sr. Presidente, permita-me um apontamento irónico, vai ao Japão, país onde a palavra “honra” ainda tem peso. Por lá, a corrupção não é celebrada mas encarada como uma vergonha pública; a transparência não é um capricho, é obrigação. Os políticos japoneses — imagine só — não precisam que os cidadãos mendiguem relatórios de contas. São eles próprios que, com naturalidade, justificam cada despesa, porque sabem que o dinheiro é do povo e não do partido.

Fico curioso, a sua comitiva vai regressar mais sábia ou apenas mais bem alimentada? Vai aprender algo sobre responsabilidade pública, ou apenas sobre como usar pauzinhos no sushi? Será que Rui Caldeira e Pedro Campos, depois de tanto gastar milhões cá, vão finalmente perceber que em Osaka não há espaço para o “desenrasca madeirense”, mas sim para a disciplina, a eficiência e o mérito?

No Japão, os bajuladores não são promovidos — são vistos com desconfiança. Já aqui, a recompensa do lambe-botismo é viajar, gastar, sorrir para a fotografia e esperar a próxima nomeação. Talvez esta viagem sirva para perceber que não basta sorrir é preciso ter coluna vertebral, transparência, e a coragem de servir, em vez de se servir.

Mais uma vez a Madeira financia uma “missão oficial” e, claro, juntam-se os demais profissionais do lambe-botismo, cuja maior competência é saber estar na fila certa para a próxima viagem.

O Governo Regional prefere investir no conforto da corte em vez da qualidade de vida do povo. Mérito e competência? Esses não viajam, não têm assento na comitiva, não recebem recompensas. Quem recebe são os bajuladores profissionais, promovidos e premiados pelo simples talento de agradar ao chefe.

O mais irónico, Sr. Presidente, é que vai ao Japão, país onde a palavra honra não é enfeite de discurso mas valor de vida. Onde as viagens oficiais são escrutinadas ao cêntimo, porque o dinheiro é sagrado: pertence ao povo, não a um pequeno grupo que se serve dele.

Pergunto-lhe: depois de Osaka, o que vai trazer de volta? Vai aprender alguma coisa sobre disciplina, transparência e serviço público? Ou apenas novas técnicas para segurar pauzinhos enquanto a Madeira paga a conta?

No Japão, Sr. Presidente, o bajulador não é recompensado. Já aqui, o lambe-botas é premiado com viagens, cargos e contratos. A diferença é gritante: lá, a corrupção envergonha; aqui, a corrupção desfila.

Por tudo isto, exigimos uma coisa simples: relatório detalhado desta viagem. Quanto custou, quem pagou, quem beneficiou. Não se esqueça: não são fundos do partido, são os nossos impostos.

Se for para continuar a gastar milhões em excursões inúteis, pelo menos tenha a coragem de publicar o extrato. Já que nos cabe pagar, ao menos tenhamos o direito de ver a fatura.