A estabilidade política e económica da Europa tem sido um pilar fundamental para o sucesso do turismo na Madeira. No entanto, o avanço da extrema-direita e as ameaças da Rússia, liderada por Vladimir Putin, introduzem novos riscos que podem perturbar a "era de vacas gordas" do turismo madeirense e levar a uma fase de "vacas magras".
O crescimento de partidos de extrema-direita em vários países europeus, como a França e a Alemanha, pode ter um impacto direto no turismo. Embora as políticas específicas ainda não estejam definidas, é possível que haja um aumento do nacionalismo e do protecionismo, o que pode levar a um fecho de fronteiras, restrições à circulação de pessoas e uma menor abertura para o exterior.
Um clima de incerteza política pode afetar a confiança dos consumidores europeus. Se as famílias sentirem que o seu futuro financeiro é instável, podem cortar em despesas não essenciais, como as férias. A Madeira, um destino que depende fortemente dos turistas da Europa Central e do Norte, seria uma das primeiras a sentir o impacto desta mudança no comportamento de consumo.
O aumento de governos nacionalistas também pode levar a uma revisão dos acordos de cooperação e de políticas de transporte aéreo, o que pode encarecer ou dificultar as viagens para a ilha.
Por sua vez, a guerra na Ucrânia e as recentes ameaças de Putin a países europeus, incluindo ataques com drones, criam um clima de insegurança que afeta a perceção de toda a região. Embora a Madeira esteja geograficamente distante do conflito, a Europa é vista como um todo por muitos turistas de fora do continente.
As notícias de ataques com drones e a tensão geopolítica constante podem fazer com que turistas de mercados distantes, como os Estados Unidos ou o Canadá, vejam a Europa como um destino de risco. Esta perceção, mesmo que infundada no caso da Madeira, pode levar a um declínio nas reservas.
Um clima de conflito pode aumentar os custos de seguro para as viagens aéreas e marítimas, levando a um aumento dos preços dos bilhetes. Isso torna a Madeira menos competitiva em comparação com outros destinos mais seguros ou com preços mais acessíveis.
A combinação destes dois fatores - a instabilidade política interna na Europa e a ameaça externa da Rússia - cria um cenário de risco elevado para o turismo na Madeira. A ilha tem dependido da estabilidade e prosperidade dos seus principais mercados emissores. A "era de vacas gordas" baseou-se num ambiente de paz e confiança económica. Se estes alicerces forem abalados, a Madeira terá que se adaptar a uma nova realidade, onde a captação de turistas pode ser mais difícil e a competição com outros destinos, mais acirrada. A diversificação dos mercados e uma aposta na resiliência do setor tornam-se, assim, medidas cruciais para enfrentar estes desafios.
O que temos visto é só replicar a fórmula sem fim. Vai ser preciso novas fórmulas, porque tal como os eventos turísticos, esgotam.