O Fanal é fruto de séculos, é um dos cartões-postais da ilha, conhecido pela sua beleza mística e pela floresta Laurissilva, classificada como Património Mundial da UNESCO. É um local que atrai milhares de turistas e locais. No entanto, a sua popularidade traz desafios, especialmente em termos de conservação e gestão.
Vejo a tendência de muitos se desviarem da responsabilidade de problemas complexos. Quando os problemas surgem, é tentador para os políticos locais culparem o Governo Regional, alegando falta de fundos, de competências ou de apoio, em vez de assumirem a responsabilidade direta. Esta estratégia pode ser usada para evitar decisões impopulares ou a admissão de falhas na gestão local.
A situação é ainda mais aguda quando se compara a facilidade de organizar eventos (como festa de casamento no Fanal) com a dificuldade em proteger o património natural. A aprovação de uma festa pode ser vista como uma ação rápida e com retorno eleitoral imediato, pois agrada aos eleitores e gera visibilidade. Em contrapartida, a conservação do património natural exige investimentos a longo prazo, planeamento cuidadoso e, por vezes, medidas restritivas que podem ser impopulares, como limitar o acesso ou proibir certas atividades.
A falta de ação para proteger um património natural único como o Fanal sugere uma falha de prioridades. O valor ecológico, histórico e a longo prazo da área são deixados de lado em favor de ganhos políticos a curto prazo. O resultado é que um recurso insubstituível fica vulnerável, correndo o risco de ser danificado ou desvalorizado, enquanto a responsabilidade continua a ser passada entre as diferentes entidades governamentais.
Quem tem a responsabilidade final pelo Fanal? O Governo Regional, através do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), gere muitas das áreas de Laurissilva, mas a autarquia tem um papel crucial na fiscalização, no licenciamento de eventos e no planeamento local. A ambiguidade sobre quem é o "dono" do problema facilita o jogo de empurra.
A conservação do Fanal não é uma prioridade para os candidatos? Se o assunto não é abordado nas campanhas eleitorais, pode ser porque não o consideram um tema que lhes traga votos, ou porque temem desagradar a certos grupos de interesse. Qual é o papel da população? A pressão popular e a consciencialização sobre a importância de proteger o Fanal podem ser um fator decisivo para forçar os políticos a agir e a assumir as suas responsabilidades.
Por isso recorro a esta ferramenta que é o Madeira Opina. Obrigado.
Em suma, há dilema comum na gestão pública, a tensão entre a visibilidade e o retorno político a curto prazo, e a necessidade de proteger o património e o bem comum a longo prazo. O caso do Fanal, no Porto Moniz, parece ser um exemplo claro deste problema.
Não resisto em falar claro, quando vemos um incompetente e malcriado à frente do Turismo regional, a oposição parece que nega a oportunidade de intervir e mostrar os erros do GR. O Fanal, pertence ao concelho do Porto Moniz, os heróis candidatos evitam falar sobre um problema no concelho porque é mais fácil deixar as culpas ao Governo Regional. O que se vê até agora é que para uma festa no Fanal alguém autorizou, mas para salvar um património natural único ninguém se mexe.
Estas situações são momentos de ouro para oposição que desperdiça na passividade. Para quando a "Semana da Serra" em silêncio e a cuidar do património único?
