O Fanal integra-se na floresta Laurissilva classificada como património mundial da UNESCO. Viva. Vieram Orgulho regional. Está em todas as brochuras e os operadores turísticos vendem isso como gostam.
Mas essa classificação não é de borla. A Convenção sobre a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural, de 1972, obriga os estados membros a proteger, valorizar e conservar o património classificado, que é de todos, e sobretudo a garantir que o mesmo seja transmitido intacto às gerações futuras.
Qualquer um com dois dedos de teste percebe que nessas áreas classificadas como Património Mundial da UNESCO estão proibidas todas as ações que, de alguma forma, o prejudique.
É assim? Ora bem, havia que acabar com a massificação do gado. As vacas pisavam pasto e comiam rebentos, que horror, então foram as vacas para fora e ficou o problema resolvido.
Mas veio a massificação do turismo, a tal que o EJ não vê.
Preferia as vacas. Essas, com toda a certeza, não montam baloiços nem se penduram nos tis centenários. É verdade que também cagam, mas não espalham papel higiénico. Não gravam os troncos nem levam rebentos para o estábulo. Não fazem festas de casamento, não conduzem nem deixam os carros mal estacionados.
É caso para dizer: voltem vacas porque estão perdoadas.
E enquanto não voltam, o Fanal continua a saque com a complacência dos que nos devia governar bem, o que é bem diferente dos que se governam bem.
E se o povo é quem mais ordena, ordena-se o regresso das vacas.
E enquanto se arrebanha a manada, a outra tem que ser corrida.
Há aí algum governante com tomates para interditar o Fanal por um ano, ou alguma coisa parecida com isso? Para acabar com os parques de estacionamento a metro, demolir as churrasqueiras imundas, erradicar sanitários entupidos, enfim, limpar aquela bodega que está à vista de todos? Vedar aquilo ao turismo de massas, criar um circuito devidamente confinado - tipo passadiço tão na moda em qualquer local civilizado? Proteger o Fanal, assegurar a sua integridade e a transmissão às futuras gerações tal como se encontrava há uns anos?
Não há. É pena. Daqui a nada iremos ao Fanal ver um painel de fotografias da Madeira antiga, com os poucos tis caquéticos que ainda sobram. Porque nada vai sobrar...
Haja coragem e, sobretudo, bom senso.
O turismo de massas tem sido o catalizador da degradação da nossa, já reduzida, floresta.
São necessárias medidas de gestão e de recuperação daquele frágil ecossistema que o IFCN não consegue implementar (e que tal colocar lá um presidente dissociado da política?), seja por desconhecimento, falta de vontade ou pressão.
As gerações que se seguem agradecem. Eu também.
Então EJ? Não há tomates? Nem um tomatinho para começar a pensar nisso?
E as Ginjas é mesmo para avançar?
Ó MA, talvez se possa meter uma vaca no turismo.... o estrago seria menor....
