Hospital novo dos pequeninos


N os últimos anos a realidade da Madeira mudou bastante. Temos mais estrangeiros a viver na região, mais turistas a circular durante todo o ano e também mais trabalhadores vindos do estrangeiro a reforçar setores essenciais como a hotelaria e a construção. Ao mesmo tempo, a população residente continua a envelhecer, o que aumenta a procura por cuidados de saúde.

Ora, quando a Madeira tinha menos população, menos pressão turística e menos residentes estrangeiros, o hospital público já não era suficiente. Era comum ver doentes em macas nos corredores à espera de cama. Agora, com mais procura e com a transição para o novo hospital, que ainda por cima prevê menos camas disponíveis do que o anterior, a situação só pode piorar. É que o velho não vai para remodelação, será desativado, com certeza encaminhado para mais um hotel... aposta-se?

O que se está a fazer é relativamente claro: reduzir a capacidade de resposta pública. Isto abre dois caminhos possíveis:

  • Transferência para os privados – quem não consegue ser atendido pelo hospital público vai procurar clínicas e hospitais privados, muitas vezes pagando do próprio bolso ou através de seguros.
  • “Salamização” das obras – ou seja, fragmentar o projeto em fases sucessivas, adiando a conclusão total e mantendo uma espécie de “eterno inacabado”, o que gera dependência de investimentos futuros e prolonga a insuficiência do serviço.

No fundo, a estratégia parece ser a de aceitar que o sistema público não vai dar resposta a todos, criando assim espaço para o privado florescer. O problema é que a saúde pública deveria ser planeada para responder às necessidades de todos, especialmente numa região ultraperiférica como a Madeira, onde a dependência do exterior é grande e nem sempre se pode simplesmente “ir ao continente” em busca de cuidados. Também é preciso ter em conta que o Privado só quer fazer dinheiro, viram na Covid quem deu resposta?

Para terminar, duas situações, o heliporto vai ser vai uma nova vergonha? Não há três (hospital, Porto Moniz e Cais 8) sem 4! Adivinhem quem é que está à frente da organização do novo hospital? O antigo secretário que foi copiar o modelo aos EUA, o país da Saúde Privada por Seguros.